Economia

Previdência dos militares economiza pouco e favorece altos oficiais

O governo afirmou que a reforma militar pouparia 92 bilhões de reais, mas a economia será de 10,4 bilhões em dez anos

(Foto: Fernando Frazão/EBC)
Apoie Siga-nos no

Depois de muita espera, o governo de Jair Bolsonaro entregou ao Congresso o PL que altera as regras de aposentadoria para as Forças Armadas. O texto, conforme o previsto, traz uma reforma tímida em comparação à proposta para os civis.

Em troca do apoio da caserna, o governo ofereceu uma reestruturação das carreiras que vai custar aos cofres públicos 86,85 bilhões de reais. O “toma lá, dá cá” derreteu as promessas de Paulo Guedes. Há dois meses, o governo afirmou que a reforma militar pouparia 92 bilhões. Mas, subtraído o gasto com os penduricalhos, a economia líquida vai ficar muito abaixo disso — 10,4 bilhões em dez anos.

Esse valor representa apenas 1% da economia de 1 trilhão prometida por Paulo Guedes.

Auxílios e adicionais crescem com a nossa aposentadoria

Leia também: Além da Previdência: Reforma Tributária para o Brasil não "quebrar"

A restruturação favorece principalmente os altos oficiais. O auxílio dado aos militares que entram na reserva, conhecido como “bolsa-pijama”, dobrou: de quatro soldos para oito. Também entra na conta o chamado adicional de habilitação, um acréscimo de salários por cursos.

Caso conclua os Altos Estudos (equivalente a um doutorado militar), o salário do oficial aumenta 71%. Antes, esse aumento era de 30%. No caso de formações mais modestas, como especialização, o acréscimo é de 26%.

Segundo o assessor especial do ministro da Defesa, general Eduardo Castanheira Garrido Alves, essas mudanças favorecem a “meritocracia”. “O objetivo não é haver um aumento linear para todos. Estamos reestruturando a carreira. Estamos mexendo para reconhecer a meritocracia”, disse.

Leia também: Militares na Previdência: um nó que Bolsonaro terá que desatar

Os oficiais e praças passarão a receber, a partir de 2020, um adicional de disponibilidade. O valor será maior para quem tiver em níveis mais altos da carreira, variando entre 5% e 32%.

A proposta do governo prevê uma redução de 10% do efetivo das Forças Armadas nos próximos 10 anos. A degola prevista é de 36 mil postos.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo