Justiça

PGR defende enterrar investigação contra Bolsonaro por fraude em cartão de vacinação

Para Paulo Gonet, os delitos imputados ao ex-presidente carecem de provas além da palavra de Mauro Cid

PGR defende enterrar investigação contra Bolsonaro por fraude em cartão de vacinação
PGR defende enterrar investigação contra Bolsonaro por fraude em cartão de vacinação
O ex-presidente Jair Bolsonaro, em 26 de março de 2025, após se tornar réu no STF. Foto: Sergio Lima/AFP
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O procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu que o Supremo Tribunal Federal arquive a investigação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso da suposta fraude em cartões de vacina de Covid-19. A manifestação chegou ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito, na tarde desta quinta-feira 27.

Para Gonet, embora o tenente-coronel Mauro Cid tenha mencionado a fraude em sua delação premiada e afirmado ter agido a mando do ex-capitão, não há provas que confirmem essa versão. Ele também defendeu o fim da apuração contra o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ).

Em março do ano passado, a Polícia Federal indiciou Bolsonaro, Cid, Gutemberg e outras 13 pessoas por participação no suposto esquema. No mês seguinte, a PGR pediu a realização de novas diligências antes de decidir se acolhia ou não os argumentos da PF. O ex-presidente, por exemplo, foi enquadrado nos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema público.

Na avaliação de Gonet, os delitos imputados a Bolsonaro exigem provas autônomas além da palavra do delator. “Essa solicitação [de Bolsonaro] é elemento de fato central para que a conduta típica, crime de mão própria, lhe possa ser imputada”, escreveu o procurador, ao mencionar a ausência de suporte mínimo para uma acusação.

A investigação da PF concluiu que, em 21 de dezembro de 2022, houve a inclusão no sistema do Ministério da Saúde de um dado falso sobre a imunização de Bolsonaro e de sua filha. A informação foi excluída poucos dias depois e não há indícios de uso do certificado.

Em maio de 2023, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão na casa da família e de prisão contra ex-funcionários, como Cid, o assessor Max Guilherme de Moura, os ex-auxiliares Sérgio Cordeiro e Luís Marcos dos Reis, o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha, e Ailton Gonçalves Barros, militar que concorreu a deputado estadual no Rio pelo PL em 2022.

Segundo a PF, o modus operandi era o seguinte: a partir da solicitação da pessoa que desejava se beneficiar do certificado de vacinação, Cid encaminhava o pedido a Barros, aliado de Bolsonaro, que por sua vez enviava as informações e o pedido a João Carlos Brecha, que executava as inserções de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde.

Procuradas, as defesas de Bolsonaro e Gutemberg Reis ainda não comentaram a manifestação da PGR. O espaço segue aberto.

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