Política

Exército sabia da participação de Pazuello em ato com Bolsonaro no Rio

Discurso no ‘improviso’ é uma das alegações da Força para arquivar o procedimento contra o general

Eduardo Pazuello e Jair Bolsonaro em ato político, no Rio. Foto: André Borges/AFP
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O Exército cumpriu nesta sexta-feira 24 a determinação da Controladoria-Geral da União e retirou o sigilo imposto ao processo administrativo contra o general da reserva Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde e deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro.

Em maio de 2021, Pazuello subiu em um palanque com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) no Rio de Janeiro, após uma motociata do ex-capitão, e declarou em um microfone: “Parabéns pra galera que está aí prestigiando o PR. PR é gente de bem, PR é gente de bem. Abraço, galera”.

O evento tinha caráter político-eleitoral, o que significa que Pazuello violou o regulamento disciplinar do Exército. O documento proíbe “manifestar-se, publicamente, o militar da ativa, sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária”.

A Força abriu um processo disciplinar contra o general, mas o absolveu no início de junho de 2021. O comandante da tropa era o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, posteriormente ministro da Defesa.

Em sua defesa no processo, Pazuello afirmou ter avisado Nogueira sobre a participação no ato bolsonarista. A comunicação ocorreu, segundo o ex-ministro, por telefone, na véspera da manifestação. Ele disse ter aceitado o convite devido aos “laços de respeito e camaradagem” com Bolsonaro.

Nogueira, por sua vez, confirmou ter recebido o aviso de Pazuello sobre a viagem ao Rio, “a fim de participar do passeio motociclístico, a convite do senhor Presidente da República”.

“Da análise acurada dos fatos, bem como das alegações do referido oficial-general, depreende-se, de forma peremptória, não haver viés político-partidiário nas palavras proferidas, repisa-se, de improviso, pelo arrolado, naquele momento”, alegou o então comandante do Exército na manifestação que arquivou o processo.

Eduardo Pazuello também se disse “surpreendido” pelo pedido de Bolsonaro para que ele discursasse no carro de som. Argumentou, ainda, que tentou ficar distante da comitiva do então presidente, mas que “em questão de minutos” teria sido reconhecido pelos presentes.

Diante disso, teria considerado que “o melhor lugar para ficar” seria “a área reservada onde estava a comitiva”. No local, ele também teria sido reconhecido e, por isso, aceitado subir no carro de som.

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