Política

Paulo Guedes também participou de reunião de núcleo bolsonarista que teria tratado de golpe

Apesar da presença no encontro de teor golpista, o ex-ministro da Economia não foi citado pela PF, nem se tornou alvo da operação

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes. Foto: Evaristo Sá/AFP
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A gravação de uma reunião, datada de 5 de julho de 2022, realizada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) com sua equipe mostra que o ex-capitão concordava com uma ação de aliados antes das eleições com vistas a garantir um segundo mandato.

As imagens, obtidas inicialmente pelo jornal O Globo e agora tornadas públicas pelo Supremo Tribunal Federal, mostram que a reunião contou com mais participantes do que aqueles mencionados na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que autorizou a operação. 

No vídeo é possível identificar, por exemplo, o então ministro da Economia, Paulo Guedes, que esboça poucas reações aos pedidos de Bolsonaro por ‘ação antes da eleição’. No vídeo, ele não demonstra oposição aos pedidos do ex-capitão para que seus ministros espalhem desinformação sobre o processo eleitoral. 

Guedes, vale dizer, não foi citado pela PF como um dos participantes do encontro. Por consequência, ele não se tornou alvo de operação realizada nesta quinta-feira. Não está claro os motivos da ausência do nome do ex-ministro na lista.

Outros participantes

Na gravação, é possível ver que ao lado direito de Bolsonaro estava o general Walter Braga Netto, candidato a vice na chapa bolsonarista. A investigação apurou que ele atuou ativamente na tentativa de golpe, coordenando o alinhamento das bases militares e “perseguindo” os integrantes da cúpula das Forças Armadas que se opunham. 

Em mensagens obtidas pela PF, o ex-ministro da Defesa chamou o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, de “cagão”, ao saber que ele não aderiu à ideia.

Também em posição de honra, próximo a Bolsonaro, estava o, à época dos atos golpistas, secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres. As investigações apontam que ele teve participação ativa na reunião e repetiu a orientação passada pelo ex-capitão para que se propagassem informações falsas sobre o sistema eleitoral. 

O general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, então ministro da Defesa, também aparece no vídeo proferindo inverdades sobre a Justiça Eleitoral. 

Além de ministros do governo Bolsonaro, a reunião também contou com presença de integrantes das Forçar Armadas e do deputado federal Filipe Barros (PL). Barros, assim como Guedes, não aparece entre os alvos da operação Tempus Veritatis.

Destempero de Bolsonaro

No vídeo é possível ver Jair Bolsonaro nitidamente destemperado, desferindo ataques ao seu adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem se referia como “satanás”, bem como ofensas contra os ministros do Supremo Tribunal Federal, em especial Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso. 

Para a Polícia Federal, a reunião contém indícios do “arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo”.

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