Política

Partido de Bolsonaro alega não ter usado verba pública em documento com insinuações contra urnas

Valdemar Costa Neto tenta retirar sua responsabilidade sobre a produção de um relatório duramente criticado pela Justiça Eleitoral

Partido de Bolsonaro alega não ter usado verba pública em documento com insinuações contra urnas
Partido de Bolsonaro alega não ter usado verba pública em documento com insinuações contra urnas
Antes, Neto ganhava um salário de R$ 28.758,30 como presidente do partido. Foto: Mateus Bonomi/Agif/AFP
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O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, enviou nesta sexta-feira 30 um ofício ao Tribunal Superior Eleitoral no qual tenta retirar sua responsabilidade sobre a produção de um relatório do partido com ilações sobre o sistema eletrônico de votação.

Na quinta 29, o corregedor-geral do TSE, Benedito Gonçalves, havia determinado que Costa Neto prestasse informações sobre o uso de verba pública para custear o parecer.

Segundo o presidente da sigla de Jair Bolsonaro, o documento intitulado Resultado da auditoria de conformidade do PL no TSE “é de responsabilidade da equipe técnica contratada, cujos termos devem ser avaliados dentro de tal contexto e sob a responsabilidade de seus subscritores”.

Costa Neto também afirmou que o pagamento ao Instituto Voto Legal, responsável pela produção do parecer, se deu com recursos próprios do PL, “não sendo tal despesa custeada com recursos públicos de nenhuma natureza (Fundo Partidário e/ou Fundo Especial de Financiamento de Campanha)”.

O PL alegou no informe supostamente técnico, divulgado na quarta 28, que não havia “qualquer controle externo” sobre o código-fonte dos programas da urna eletrônica e dos sistemas eleitorais e que havia “um poder absoluto de manipular resultados da eleição”.

A legenda também argumentou que “a gestão de fornecedores da cadeia de tecnologias de informação e comunicação mostra-se precária” e que “o TSE não possui uma política de segurança da informação no relacionamento com fornecedores”.

Além disso, a sigla disse que “sem a assinatura eletrônica qualificada, com um certificado digital da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira, os documentos  gerados pela urna eletrônica não têm a garantia de que o seu conteúdo é verdadeiro”.

Por fim, o PL declarou que “o TSE não respondeu aos inúmeros pedidos para agendar uma reunião para tratar do tema” e que “este fato tornou necessária a divulgação dos resultados da avaliação da equipe técnica do PL sobre os documentos públicos encontrados”

Ainda na quarta 28, o TSE disse, em nota, que “as conclusões são falsas e mentirosas, sem nenhum amparo na realidade” e reúnem “informações atentatórias ao Estado Democrático de Direito e ao Poder Judiciário, em especial à Justiça Eleitoral, em clara tentativa de embaraçar e tumultuar o curso natural do processo eleitoral”.

Na quinta 29, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, também determinou que o PL explique, em até 48 horas, a contratação do serviço.

A legenda terá de encaminhar o contrato firmado com a empresa responsável pelo parecer. Deverá, ainda, informar os gastos realizados com a contratação, além de enviar as notas fiscais e explicar de onde saiu o dinheiro utilizado. O despacho de Moraes se deu no âmbito do Inquérito das Fake News.

Na decisão, ele reforçou que o documento traz “notícias fraudulentas e atentatórias ao Estado Democrático de Direito e ao Poder Judiciário”.

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