Política
Parlamentares apresentam projeto de ‘reparação’ a Dilma: ‘Reconhecimento do golpe’
O texto segue os moldes de uma proposta apresentada em 2013 para anular a sessão que destituiu João Goulart da Presidência em 1964
Vice-líder do governo Lula na Câmara, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) apresentou, nesta segunda-feira 28, um projeto de resolução para anular as sessões do Congresso Nacional que chancelaram a cassação do mandato da então presidenta Dilma Rousseff, em 2016.
A proposta é assinada por 23 deputados do PT, além do senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP). A iniciativa é classificada pelo grupo como uma “reparação histórica”.
O texto segue os moldes de uma proposta apresentada em 2013 por Randolfe e pelo senador Pedro Simon (RS) para anular a sessão que destituiu João Goulart da Presidência em 1964, inaugurando a ditadura militar.
A CartaCapital, Lindbergh afirmou que a medida formalizada nesta segunda tem um peso de “reparação política”.
“Esse projeto de resolução, que vamos lutar para aprovar no momento adequado, tem um efeito muito importante para a construção da verdadeira história deste País, do reconhecimento de golpe, de atentado à democracia”, declarou. “Agora a gente tem de ver qual é o melhor momento, com uma correlação de forças favorável.”
O deputado petista disse, ainda, acreditar na possibilidade de aprovar o projeto durante a atual legislatura, até 2026.
No documento, os parlamentares sustentam que Dilma foi derrubada por “hipotético crime de responsabilidade que, sob as perspectivas fática e jurídica, nunca aconteceu” e que a decisão foi tomada por “insatisfação de seus opositores”.
Como justificativa, os parlamentares citam a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região de confirmar o arquivamento de uma ação de improbidade contra a ex-presidenta no caso das supostas “pedaladas fiscais”.
“Todavia, torna-se um dever do Congresso Nacional, compromissado com a memória nacional e não apegado aos seus eventuais erros, promover reparação histórica quanto à retirada furtiva e desarrazoada do mandato presidencial de Dilma Vana Rousseff”, diz o projeto de resolução.
Na prática, os deputados buscam a nulidade das sessões deliberativas da Câmara em 17 de abril de 2016 e do Senado em 11 de maio e em 31 de agosto de 2016. Para ser aprovado, o projeto precisa de maioria simples dos votos em plenário.
No último sábado 26, durante uma viagem a Angola, o presidente Lula afirmou ser necessário discutir uma forma de reparar os danos causados a Dilma.
Um dia antes, também em Angola, Lula já havia declarado que “o fato de a presidenta Dilma ter sido absolvida demonstra que o Brasil deve desculpas a ela, porque foi cassada de forma leviana”.
Assinam a proposta protocolada nesta segunda:
- Lindbergh Farias (PT-RJ)
- Gleisi Hoffmann (PR), presidenta nacional do PT
- José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara
- Zeca Dirceu (PT-PR), líder da bancada
- Senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), líder do governo no Congresso
- João Daniel (PT-SE)
- Arlindo Chinaglia (PT-SP)
- Valmir Assunção (PT-BA)
- Jorge Solla (PT-BA)
- Rogério Correia (PT-MG)
- Nilto Tatto (PT-SP)
- Juliana Cardoso (PT-SP)
- Adriana Arcossi (PT-GO)
- José Airton (PT-CE)
- Maria do Rosário (PT-RS)
- Ana Paula Lima (PT-SC)
- Bohn Gass (PT-RS)
- Jack Rocha (PT-ES)
- Tadeu Veneri (PT-PR)
- Jilmar Tatto (PT-SP)
- Padre João (PT-MG)
- Washginton Quaquá (PT-RJ)
- Dilvanda Faro (PT-PA)
- Luiziane Lins (PT-CE)
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.