Política
Onze canais bolsonaristas lucraram R$ 10 milhões com propagação de fake news
O montante inclui apenas ganhos com YouTube entre janeiro de 2019 e agosto de 2021, mas pode ser ainda maior se somado a outras redes

Onze canais bolsonaristas no YouTube, responsáveis por propagar fake news sobre as urnas eletrônicas e defender o governo federal, lucraram mais de 10 milhões de reais entre janeiro de 2019 e agosto de 2021, conforme aponta o Tribunal Superior Eleitoral no âmbito do inquérito que apura ataques ao sistema eleitoral. A informação é da revista Veja.
Segundo aponta o levantamento do Tribunal, o montante recebido pelos propagadores de fake news neste período pode ser ainda maior, já que o volume de dinheiro apontado se refere apenas aos valores recebidos pelos vídeos no YouTube. O dinheiro repassado pelas outras redes sociais, como Facebook, Instagram e Twitter ainda não foram revelados.
Os canais estão na mira do TSE e, desde agosto, foram desmonetizados por um despacho do corregedor Luis Felipe Salomão. A decisão é uma tentativa de barrar os impactos das notícias falsas nas eleições de 2022 que se aproximam. Desde então, todo o dinheiro recebido por eles tem sido depositados em uma conta judicial. Na decisão, Salomão chegou a pedir o bloqueio de valores repassados aos canais oficiais do presidente Jair Bolsonaro, seus filhos e outros aliados políticos. O pedido, entretanto, não avançou.
Entre os canais que tiveram o rendimento bloqueado, o Folha Política foi o que mais lucrou, recebendo mais de 2,5 milhões de reais no período. Na lista ainda aparecem os blogueiros Allan dos Santos, do Terça Livre, e Oswaldo Eustáquio. Muitos dos citados na lista são também alvos do inquérito que apura participação nos atos antidemocráticos do Supremo Tribunal Federal. Neste caso, o STF indicou recentemente que os bolsonaristas receberam cerca de 4 milhões de reais para atacar as instituições e pregar uma ruptura democrática.
Além do bloqueio do repasse aos canais, o Tribunal ainda estuda uma medida junto ao YouTube e outras redes sociais para bloquear automaticamente a monetização em casos de divulgação de notícias falsas e ataques ao sistema eleitoral. Medida semelhante já ocorre nos Estados Unidos.
Recentemente, os canais apontados na lista do TSE e do STF promoveram um ‘apagão’ de publicações em que atacavam o sistema eleitoral e ministros dos tribunais. Ao todo, foram excluídos da plataforma mais de 250 vídeos em que promoviam desinformação e ofensas. A medida é uma tentativa de eliminar provas e evitar os bloqueios.
Também na última semana, o presidente Jair Bolsonaro assinou uma medida provisória que tentava facilitar a divulgação de fake news e dificultar as investigações e os trabalhos dos tribunais. A MP, no entanto, foi devolvida ao governo federal pelo Congresso.
Após a devolução, o presidente chegou a afirmar que ‘fake news faz parte da vida’ e que não precisava ser ‘regulada’, ao defender a medida que impedia que conteúdos fossem excluídos das redes ainda que tivessem informações falsas.
A lista de canais bolsonaristas que receberam 10 milhões de reais por propagar fake news:
- Folha Política – 2,58 milhões
- Te Atualizei – 1,41 milhão
- Terça Livre (Allan dos Santos) – 1,28 milhão
- O Giro de Notícias – 1,26 milhão
- Vlog do Lisboa – 739 mil
- Canal Universo – 484 mil
- Jornal da Cidade Online – 467 mil
- Ravox – 379 mil
- Direto aos Fatos – 153 mil
- Emerson Teixeira – 153 mil
- Oswaldo Eustáquio – canal indisponível, valor não divulgado
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