Política

O saldo da reunião entre Lula e Lira, após os ‘recados’ do deputado ao governo

O presidente da Câmara deve ter um canal direto de comunicação com o petista, em busca de reduzir ruídos

Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira e Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Foto: Marina Ramos / Câmara dos Deputados
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A reunião entre o presidente Lula (PT) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ajudou a distensionar o clima entre deputados do Centrão e o Palácio do Planalto, avaliam lideranças partidárias ouvidas por CartaCapital. O encontro ocorreu nesta sexta-feira 9 e não estava previsto na agenda oficial.

A conversa definiu, por exemplo, que a partir de agora Lira terá um canal direto de comunicação com Lula. A interlocução se dará por meio do telefone de Valmir Moraes da Silva, ajudante de ordens do presidente – o capitão aposentado do Exército chegou a ser apresentado pessoalmente ao deputado.

Além disso, o presidente autorizou o ministro Rui Costa (PT) a desempenhar o papel de ponte entre o Planalto e o Congresso Nacional. Nos últimos meses, o chefe da Casa Civil intensificou o contato com a cúpula da Câmara diante das críticas feitas por parlamentares à articulação política do governo.

Ainda assim, Lula não deixou de ressaltar a importância de que seus principais auxiliares também estejam a par das discussões no Congresso.

Líderes do Centrão fizeram chegar a aliados de Lula que nenhuma pauta de interesse do governo seria aprovada enquanto não houvesse a demissão de Alexandre Padilha (PT), atual ministro das Relações Institucionais.

Lula, contudo, resiste em ceder à pressão. Lira, por sua vez, culpa Padilha por descumprir acordos, como a liberação de verbas de emendas parlamentares.

No encontro desta sexta, conforme relatos colhidos pela reportagem, o presidente da Câmara voltou a manifestar irritação com vetos de Lula a projetos aprovados pelo Congresso e com a medida provisória de reoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia.

Lira também fez um relato de tudo o que a Casa e ele próprio teriam entregado ao governo. Diante da operação policial contra a trama golpista do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de militares para impedir a posse de Lula, o deputado ainda relembrou ter sido a primeira autoridade a reconhecer publicamente o resultado eleitoral.

Afirmou ainda ter articulado pessoalmente a aprovação da PEC da Transição e o aval à intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal após os atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023.

Por outro lado, Lula questionou Lira sobre seu discurso na abertura do ano legislativo, em 5 de fevereiro, classificado como duro e agressivo por integrantes da base governista. Na ocasião, em um pronunciamento repleto de “recados”, Lira afirmou que os parlamentares não são “eleitos para carimbar” e que o Orçamento da União “não é e nem pode ser de autoria exclusiva do Poder Executivo “.

Arthur Lira contou a interlocutores ter saído do encontro com a impressão de que “o jogo está zerado” e, a partir de agora, será possível promover ajustes na relação. Depois de sair do Alvorada, o alagoano embarcou rumo a Salvador, onde passará o Carnaval.

Em conversa com jornalistas, Padilha e o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, enalteceram a “dupla” governo-Congresso, referindo-se às perspectivas de aprovação de matérias importantes neste ano.

Os dois foram convocados por Lula logo após a reunião com Lira e permaneceram no Alvorada por cerca de duas horas.

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