Política

‘O que seria do governo Bolsonaro sem o Centrão?’, questiona Lira

Deputado defendeu o apoio massivo dado pelos parlamentares do bloco a Bolsonaro e minimizou ‘toma lá, dá cá’ do orçamento secreto

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), minimizou a compra de apoio e votos de parlamentares do Centrão feita pelo governo federal. Em entrevista à GloboNews na quarta-feira 1, o parlamentar disse que as motivações do bloco em apoiar o ex-capitão seriam outras, como dar estabilidade e previsibilidade ao atual governo.

“Os partidos de centro dão a estabilidade que o governo precisa. E a gente não pode ficar sempre na narrativa do ‘toma lá dá cá’”, disse Lira.

A declaração veio em meio à discussão sobre o orçamento secreto na Câmara, um esquema de destinação de recursos orquestrado pelo governo federal junto com o Centrão. Por meio das chamadas emendas de relator já foram distribuídos mais de 16 bilhões de reais a parlamentares em troca de apoio nos projetos do governo só em 2021. Da forma como é feito, não é possível saber qual deputado indicou a verba.

Revelações recentes do site Intercept Brasil mostraram que cada voto em favor do governo pode valer até 10 milhões de reais em emendas para cada deputado. De acordo com o delegado Waldir (PSL-GO), que revelou detalhes do esquema, a negociação é feita diretamente por Lira e há casos em que deputados chegam a ficar com montantes ainda maiores.

As chamadas emendas de relator podem estar ainda sendo usadas para favorecer empresas e empreiteiras em troca de propina, conforme revelou CartaCapital nesta terça-feira 30. O esforço concentrado de Lira em seguir ocultando os autores das solicitações de verba, desafiando a decisão do Supremo Tribunal Federal, seria, em partes, atribuído a esse motivo.

Na entrevista, Lira também defendeu o apoio a Bolsonaro alegando que o mesmo apoio teria sido dado para outros governos. Para ele, é ‘natural’ do Centrão agir desta maneira.

“Os partidos de centro sempre votaram as reformas estruturantes desse país, seja em momentos ruins ou bons. E, às vezes, são mal compreendidos. O que seria do governo Lula se não tivéssemos os partidos de centro? O que seria do governo FHC se não tivessem os partidos de centro? O que seria do governo Dilma, do governo Temer, o que seria do governo Bolsonaro?”, questionou Lira ao se defender.

O que Lira omite, no entanto, é que Bolsonaro é o mais enrolado com o apoio do bloco. A dependência do atual presidente é tanta, que Bolsonaro teve de arrefecer as críticas que fazia ao Centrão antes de ser eleito e se filiar a um dos integrantes do grupo, o PL de Valdemar Costa Neto.

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