Política

O que explica a liderança de Lula contra Bolsonaro, segundo Antonio Lavareda, do Ipespe

Cientista político comenta resultados da pesquisa desta segunda-feira, que traz o petista com vantagem de 17 pontos percentuais sobre o ex-capitão no segundo turno

Lula e Jair Bolsonaro. Fotos: Ricardo Stuckert e Evaristo Sá/AFP
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O cientista político e sociólogo Antonio Lavareda, pesquisador responsável pelo instituto Ipespe, explicou nesta segunda-feira 25 parte dos motivos da liderança de Lula (PT) contra Jair Bolsonaro (PL) no mais novo levantamento do instituto.

Em comunicado divulgado nesta manhã junto à pesquisa, que mostra o petista com vantagem de 17 pontos percentuais no segundo turno contra o ex-capitão, Lavareda destaca o papel decisivo dos eleitores mais jovens, das camadas mais pobres e das mulheres brasileiras no pleito deste ano.

“É, basicamente, o placar entre os mais jovens (16-34 anos) onde Lula supera no primeiro turno Bolsonaro por 50% a 27%; nas mulheres, em que Lula tem 48% e Bolsonaro 30%; e na faixa de 0-2 salários mínimos, com Lula marcando 51% contra 28% de Bolsonaro, o que explica a liderança do ex-presidente”, escreve o cientista.

Não por acaso, Bolsonaro tem buscado reverter a desvantagem nos grupos. Em eventos recentes com sua base eleitoral, o presidente usou boa parte do tempo para justificar ações de sua gestão reprovadas por mulheres. Disse, por exemplo, que motociatas e liberação de armas ajudariam outros setores e, por isso, deveriam ser relevadas por elas.

Para os evangélicos, pediu que dessem ‘uma chegada’ nos mais jovens para contrapor o apoio de Anitta a Lula, visto por alguns setores como um ponto importante para impulsionar votos no petista. A orientação de Bolsonaro, evocando uma teoria infundada de que o PT pretende censurar meios de comunicação, foi que seus apoiadores digam aos mais jovens que ficarão sem redes sociais caso o petista seja eleito.

Por fim, aos mais pobres, Bolsonaro avançou usando a PEC Eleitoral, que ampliou benefícios do Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família, e concedeu um aumento no vale-gás. A proposta ainda liberou milhões de reais para o pagamento de um voucher de 1 mil reais para caminhoneiros e taxistas, que visam mitigar os efeitos do aumento dos combustíveis.

As ofensivas, no entanto, ainda não mostraram efeitos eleitorais relevantes ao ex-capitão. “Esses fatos alimentaram a expectativa de um movimento ascensional mais vigoroso na curva de aprovação do governo, ainda não confirmada neste levantamento. A esperança do campo oficial mira, então, em eventuais mudanças no humor dos que receberão o primeiro pagamento do auxílio turbinado, uma vez lhes chegando às mãos no início de agosto”, analisa Lavareda.

Ainda de acordo com o cientista político, para reverter a atual desvantagem, Bolsonaro teria que acelerar significativamente o ritmo de crescimento registrado até então. “Se o ritmo de recuperação que apresentou nesses quase dois meses fosse o mesmo até 2 de outubro, ele só conseguiria subtrair três pontos da atual diferença, chegando às urnas ainda seis atrás de Lula, cerca de 9 milhões de votos”, destaca o pesquisador.

A análise confirma a leitura recente feita por integrantes da cúpula do PT à CartaCapital. Na ocasião, poucos dias após a promulgação da PEC Eleitoral, integrantes do partido disseram esperar um crescimento de Bolsonaro, mas que o aumento previsto não seria capaz de reverter a desvantagem significativa que o ex-capitão tem contra o petista.

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