Política

Bolsonaro tenta justificar motociatas e defesa de armas para conquistar voto feminino

De acordo com o Datafolha, a maior rejeição ao presidente está entre as mulheres

Foto: Reprodução
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Em busca do voto feminino, o presidente Jair Bolsonaro (PL) participou nesta quinta-feira 14 de um congresso de mulheres evangélicas no Maranhão e justificou parte das suas políticas que desagradam essa parcela da população. De acordo com o Datafolha, a maior rejeição ao ex-capitão está entre as mulheres.

No evento, Bolsonaro defendeu que as mulheres precisam entender que bandeiras como liberação de armas e as motociatas em meio ao avanço da inflação e da pobreza no País ‘ajudam’ o governo em ‘outro setor’. Na justificativa, no entanto, ele não forneceu muitos detalhes sobre quais seriam os avanços.

“Tive uma encrenca enorme ano passado, comprei uma motocicleta sem minha mulher saber. A preocupação dela é com a minha vida, mas eu gosto de viver perigosamente. É um prazer que tenho. Tem muitas mulheres que veem a motocicleta como símbolo de machismo, não pensem isso de nós. São momentos de felicidade em cima de duas rodas”, disse ao público formado por mulheres cristãs.

“É a mesma coisa quando se fala em arma de fogo. As mulheres são contra em grande parte. Mas desde que adotamos política de armas para pessoas de bem […] tivemos menos 20 mil mortes no Brasil”, destacou. “É a política que às vezes as senhoras não concordam, mas ajudam no outro setor”, completou em seguida.

As declarações marcam nova tentativa de Bolsonaro de se aproximar do público feminino. O plano inicial da campanha era que Michelle Bolsonaro atuasse como interlocutora no grupo, mas, após escândalos que ligavam ela aos pastores lobistas no MEC, a primeira-dama tem optado por não participar dos eventos públicos com o marido.

Na quarta-feira, também no Maranhão, Bolsonaro já havia feito sinalizações semelhantes aos evangélicos. Reconhecendo sua baixa popularidade entre as mulheres, ele disse que vem aprendendo a ceder ao grupo para diminuir sua rejeição.

“Não é fácil administrar um país. Tenho aprendido muito nos últimos quatro anos. Inclusive ceder em algum momento, me aproximar mais das mulheres. São a nossa âncora. Nenhum de nós pode ser feliz sem uma mulher ao nosso lado”, declarou ontem o presidente em evento da Assembleia de Deus em Imperatriz, município do Maranhão.

Nesta quinta, Bolsonaro ainda retomou pautas mais conservadoras em seu discurso. Assim como fez na Marcha para Jesus, no último sábado, ele listou uma série de bandeiras de costumes que defende. “Não podemos permitir que volte a política de ideologia de gênero. […] Não podemos admitir que queriam voltar a liberação das drogas. Quando vemos pessoas que querem implementar política sobre o aborto, nós não podemos admitir. […] Nós temos que defender a família tradicional brasileira.”

Ele ainda voltou a dar declarações preconceituosas sobre famílias homoafetivas, amplamente reconhecidas por lei no Brasil. “Não podemos mudar a nossa sociedade. Somos isso que está aqui, um homem, uma mulher e os seus filhos. É isso que nós queremos. Não podemos deixar que mudem isso em nosso Brasil”, pregou o ex-capitão.

Mais ao fim da sua participação no evento, Bolsonaro ainda adotou um tom de desespero ao tratar das eleições. Em tom de súplica, pediu para que jovens ouvissem os pais e avós na hora de escolher ‘o futuro’ e cobrou que evangélicos ajudem a ‘não voltar o que era antes’, em referência ao ex-presidente Lula (PT), que lidera as pesquisas eleitorais e se encaminha para reassumir o posto de presidente em 2023.

“O que eu peço a vocês: não podemos voltar ao que era antes. A uma pessoa que defende aborto, defende ideologia de gênero e ataca a família brasileira. Não podemos ter essas pessoas voltando para a política. Todos nós pagaremos um preço muito alto com isso”, finalizou o presidente.

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