‘Não sei porque esse escândalo todo’, diz Bolsonaro sobre joias sauditas

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) minimizou a apropriação de dois pacotes de joias avaliados em mais de 500 mil reais cada para o seu acervo pessoal enquanto era presidente e a tentativa ilegal de trazer um terceiro kit de itens luxuosos avaliados em mais de 16 milhões de reais na bagagem de seus aliados. A declaração foi registrada por jornalistas da CNN Brasil no aeroporto de Orlando na noite desta quarta-feira 29, minutos antes de embarcar de volta ao Brasil após ficar 3 meses nos Estados Unidos.

“Eu não sei porque esse escândalo todo”, respondeu Bolsonaro sobre as joias, que mais adiante disse ser ‘assunto resolvido’. “Nada foi extraviado, nada sumiu. Nada foi escondido. Ninguém vendeu nada. Acho que a questão desses três pacotes [de joias] está resolvida. Se eu tivesse pegado escondido, ninguém teria conhecimento”.

Na prática, porém, diversas investigações apuram a ilegalidade nos atos do ex-capitão e aliados com os itens luxuosos. Na próxima quarta-feira, 5 de abril, ele, inclusive, terá que prestar depoimento à Polícia Federal sobre o caso.

Ainda na breve conversa, Bolsonaro disse ter ficado bastante incomodado por ter sido obrigado a devolver armas que ganhou durante sua viagem ao Oriente Médio. Ele trouxe os itens – também de alto valor – na sua própria bagagem usando o voo da Força Aérea Brasileira.

“Uma coisa que eu não gostaria de devolver são as armas, uma coisa pessoal. Entreguei para a Polícia Federal, e eles devem fazer um bom uso disso. Faz parte da regra. Vamos em frente”, reclamou.

Antes de partir em direção ao avião que o traria de volta ao Brasil após a longa estadia nos EUA, Bolsonaro minimizou ainda o fato de ter recebido relógios luxuosos dos príncipes árabes e o comparou com presentes menores, como facas que seus apoiadores lhe davam. Recentemente, no terceiro pacote de joias descoberto, o ex-capitão se apropriou de um Rolex cravejado de diamantes avaliado em 360 mil reais. O item terá que ser devolvido, por determinação do Tribunal de Contas da União.

“Tenho relógio que vale R$ 20, vale R$ 200. Facas, o que eu ganhei de facas pelo Brasil com o meu nome… Estão lá. Se tem que doar, ser recolhido por alguém, sem problema nenhum. Não tem nada errado no meu governo, pelo que eu levantei até agora”, disse. “Quem vai usar um relógio, por exemplo, de R$ 200 mil ou R$ 300 mil? Eu jamais usaria. Continuaria com meu relógio, feliz da vida”, minimizou em seguida.