Após veto, o que dizem ministros de Lula sobre os 60 anos do golpe

O presidente optou por não endossar eventos e manifestações institucionais sobre o episódio

Quem esquece corre o risco de ser atropelado por tanques – Imagem: Arquivo Nacional

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Ministros do governo Lula (PT) adotaram uma postura discreta nas redes sociais neste domingo 31 ao comentar os 60 anos do golpe militar de 1964. A timidez está relacionada ao veto imposto pelo presidente a eventos e manifestações institucionais sobre o episódio, em meio a um esforço para amainar a relação com os militares.

Apenas sete dos 38 integrantes da Esplanada publicaram mensagens alusivas ao golpe. Os demais se dedicaram a registrar momentos de descanso no domingo de Páscoa, em postagens acompanhadas de frases de cunho religioso.

Logo nas primeiras horas do dia, o chefe da Secom, Paulo Pimenta, escreveu no X que a “esperança e a coragem enfrentaram o autoritarismo” da ditadura. “Defender a democracia é um desafio que se renova todos os dias”, acrescentou.

O tom foi seguido pelos ministros Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), Paulo Teixeira, (Desenvolvimento Agrário), Cida Gonçalves (Mulheres) e Camilo Santana (Educação). Nas redes sociais, eles disseram repudiar a ditadura “para que ela nunca mais se repita” e se solidarizaram com as vítimas daquele período.

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, lembrou que os anos de chumbo também foram responsáveis pelo “genocídio de milhares de indígenas” e por criar teses ainda utilizadas para impedir o acesso dos povos originários ao território.

Por sua vez, o ministro Silvio Almeida, chefe dos Direitos Humanos, elencou motivos pelos quais é preciso rechaçar a ditadura. “Porque queremos um País soberano, que não se curve a interesses opostos aos do povo brasileiro. Porque queremos um País sem milícias e grupos de extermínio”, justificou.

A pasta comandada por Almeida chegou a planejar um pedido de desculpas a vítimas da ditadura e ações para marcar a data, sob o slogan “sem memória não há futuro”, mas teve de recuar após a recomendação de Lula. No ano passado, o Ministério dos Direitos Humanos promoveu uma campanha no aniversário do golpe.

O veto do presidente a atos do governo aconteceu dias depois de ele evitar fazer críticas contudentes à caserna e afirmar que prefere não remoer o golpe de 1964 porque isso “faz parte do passado” e ele deseja “tocar o País para frente”.

A recomendação, contudo, foi criticada por historiadores e entidades ligadas aos direitos humanos.


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