Política

Ministro do TCU manda PRF esclarecer possível omissão em bloqueios de rodovias

O Ministério Público apontou possível ‘afronta à democracia’ na operação

Ministro do TCU manda PRF esclarecer possível omissão em bloqueios de rodovias
Ministro do TCU manda PRF esclarecer possível omissão em bloqueios de rodovias
Apoiadores de Bolsonaro bloquearam rodovias após derrota eleitoral. Foto: Tercio Teixeira/AFP
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O ministro Benjamin Zymler, do Tribunal de Contas da União, solicitou esclarecimentos da Polícia Rodoviária Federal sobre o combate aos bloqueios de rodovias, realizados por manifestantes bolsonaristas após o segundo turno da eleição.

Em representação, o Ministério Público junto ao TCU sugeriu “possível afronta à democracia” e pediu uma medida cautelar para “imediata determinação” para que o diretor-geral da PRF apresente ao tribunal as medidas adotadas para desobstruir as vias.

O MP apontou “suposta omissão da PRF no cumprimento de suas obrigações constitucionais e legais, ao não atuar para desbloquear pontos de vias federais tomados por caminhoneiros” e “que dirigentes e agentes fiscalizadores do órgão teriam sinalizado apoio aos caminhoneiros, ao não desmontar os bloqueios nas estradas, em possível descumprimento de decisão do STF”.

No despacho, Zymler solicitou que a corporação apresente ao TCU uma série de informações:

  • Documento com o planejamento das ações operacionais da PRF para o período entre os dias 30 de setembro e 6 de outubro, datas referentes ao 1º turno;
  • Documento com o planejamento das ações operacionais para o período entre os dias 28 de outubro e 3 de novembro;
  • Número de efetivo de pessoal disponível, área de abrangência, gastos com o pessoal e a operação;
  • Nomes dos agentes públicos responsáveis pela aprovação do plano de operação e a instância;
  • Medidas adotadas para apurar ações ilegais de dirigentes e agentes.

Essas exigências vieram de uma proposta da Secretaria de Controle Externo da Defesa Nacional e da Segurança Pública, a Secex Defesa.

O ministro mencionou que, em uma instrução inicial, a Secex observou “ausência dos pressupostos necessários” para que houvesse a adoção de uma medida cautelar e, por isso, opinou pelo indeferimento do pedido feito pelo MP.

No lugar, a Secex sugeriu que fosse efetuada uma diligência junto à PRF para “avaliar se houve efetivamente, na ação administrativa, de emprego dos recursos públicos e da aderência da ação às normas pertinentes, omissão de agentes públicos (e até incentivo a atos ilegais)”.

Na argumentação da Secex, “como a diligência a ser proposta ao TCU suprirá a demanda por informações, entende-se que o pedido de medida cautelar deve ser indeferido, por não atender aos pressupostos legais”.

Zymler se manifestou de acordo com a Secex e disse “não haver evidências de que tais pressupostos tenham se concretizado na hipótese vertente” e que, desta forma, não haveria “urgência da necessidade da medida pleiteada”.

O diretor-geral da PRF que estava no cargo durante a operação era Silvinei Vasques, acusado pelo PT de ser um “militante” do presidente Jair Bolsonaro (PL). Em meio a investigações sobre o suposto uso indevido do cargo, Vasques tirou férias.

Na noite da última terça-feira 22, a PRF comunicou que não havia mais qualquer bloqueio ou interdição de rodovia no País.

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