Política

Ministério da Justiça demite policiais rodoviários federais envolvidos na morte de Genivaldo

Flávio Dino determinou a revisão dos cursos para formação de policiais, com o objetivo de combater abordagens como a que levou o homem à morte

Ministério da Justiça demite policiais rodoviários federais envolvidos na morte de Genivaldo
Ministério da Justiça demite policiais rodoviários federais envolvidos na morte de Genivaldo
Mulher segura placa com pedido de justiça para Genivaldo durante protesto em São Paulo em de junho de 2022 - Nelson Almeida /AFP
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O ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), demitiu os três agentes da Polícia Rodoviária Federal responsáveis pela morte de Genivaldo Santos, homem negro torturado no porta-malas de uma viatura da corporação no interior de Sergipe.

A determinação atende às conclusões do processo administrativo disciplinar aberto para apurar a conduta dos policiais. O documento, enviado a Dino no início deste mês, recomendava a exoneração do trio e o afastamento de outros dois agentes.

“Estou assinando a demissão de 3 policiais rodoviários federais que, em 2022, causaram ilegalmente a morte do Sr. Genivaldo, em Sergipe, quando da execução de fiscalização de trânsito”, escreveu Dino nas redes sociais.

O ministro ainda afirmou ter determinado a revisão dos cursos para formação de policiais, com o objetivo de combater abordagens como a que sofreu Genivaldo.

Genivaldo Santos morreu em decorrência de asfixia e insuficiência respiratória após ser trancado no porta-malas de uma viatura da PRF e submetido à exposição de gás lacrimogêneo. O caso aconteceu em 25 de maio de 2022, em Umbaúba, município distante pouco mais de 100 quilômetros de Aracaju.

Os policiais William de Barros Noia, Kleber Nascimento Freitas e Paulo Rodolpho Lima Nascimento estão presos desde 14 de outubro no Presídio Militar de Sergipe.

Eles responderão pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e tortura-castigo, cujas penas, somadas, podem chegar a 40 anos de prisão.

No final de julho, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região impôs mais um revés à defesa dos policiais ao rejeitar a anulação do processo sob o argumento de que os peritos e o delegado que registrou a ocorrência não teriam sido ouvidos. Na prática, a decisão abre caminho para levá-los a júri popular.

A vítima foi abordada pelos policiais quando estava pilotando a motocicleta da irmã sem capacete. Levado ao chão, Genivaldo teve as mãos algemadas e os pés amarrados com fitas. Também foi alvo de uma rasteira e de chutes, em meio a xingamentos. Depois, foi imobilizado por dois agentes que colocaram os joelhos sobre seu tórax.

Já no porta-malas da viatura da PRF, o homem foi obrigado a inalar gás lacrimogêneo. Nas gravações da cena, é possível ver fumaça escapando da viatura enquanto ele tentava deixar o compartimento.

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