Política

Michelle sinaliza desconforto em participar da campanha de Bolsonaro: ‘Papel da mulher é ser mãe, esposa’

A primeira-dama esteve no encontro do presidente com deputados em Brasília

Foto: Reprodução/Redes Sociais
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A primeira-dama Michelle Bolsonaro admitiu nesta quinta-feira 6 que se sente ‘desconfortável’ em participar dos atos da campanha de reeleição de Jair Bolsonaro (PL). Ela foi escalada para tentar atrair votos femininos para o marido, que, segundo pesquisas, segue em desvantagem nesta parcela do eleitorado.

“Estou saindo da minha zona de conforto, prefiro ser mãe, esposa e ajudadora, porque esse é o papel da mulher”, disse Michelle em uma breve conversa com deputados em Brasília. “Mas, se Deus quer assim…”, remendou antes de puxar uma oração para o seu marido.

Antes da primeira-dama, quem se dirigiu aos parlamentares foi o próprio Bolsonaro, que pediu aos aliados que reforcem a campanha para virar votos dos eleitores mais pobres neste segundo turno. A faixa de renda também é uma das que o ex-capitão está em desvantagem. Na pesquisa PoderData desta quinta-feira, ele tem 45% de votos entre aqueles que recebem até 2 salários mínimos, ante 55% de Lula (PT).

“Temos uma guerra de novo com data marcada, dia 30 de outubro. Vocês têm que conversar com pessoal de chão de fábrica, mais humildes, mostrar como estava a vida dela no passado e como está”, pediu Bolsonaro.

“[Tem que] reconhecer, como disse aqui, que muita coisa subiu de preço durante a pandemia no mundo todo, mas muita coisa já baixou de preço…mostrar o que foi feito e também a esperança”, orientou logo em seguida. Mais adiante, ao reforçar o pedido para os deputados aliados, Bolsonaro pediu ainda que eles foquem em difundir ‘a pauta da família’.

Em meio ao discurso, Bolsonaro admitiu também que o Auxílio Brasil não tem garantia orçamentária para seguir em 2023, mas que estaria buscando uma solução com Paulo Guedes. Na declaração, disse que taxar dividendos acima de 400 mil reais poderia ser uma saída. A medida, no entanto, sequer está colocada oficialmente no papel. Por enquanto, o benefício de 600 reais liberado às vésperas da eleição deve durar apenas até dezembro.

Também sobre o orçamento, o ex-capitão reclamou do destaque dado pela imprensa aos diversos cortes feitos pelo seu governo. No mais recente deles, cortou mais de 320 milhões das universidades públicas, ameaçando a continuidade do ensino superior no Brasil. Há outros cortes recentes e significativos na merenda escolar e em verbas da saúde. Em setembro, um corte de 90% dos recursos para os programas de combate à violência contra a mulher foi feito pelo ex-capitão. Em todos os casos, ele minimiza:

“Vocês veem sempre na imprensa… ‘ah o Bolsonaro cortou fralda geriátrica…ano que vem não vai ter ovo pra merenda’…É o tempo todo assim, mas o orçamento quem faz somos nós, não é um decreto, é uma lei que eu mando a proposta no limite, tem que estar no limite, não posso inventar despesa, a grande parte é obrigatória, então tem que cortar na discricionária. Não posso ser irresponsável”, se justificou.

O orçamento secreto, no entanto, segue a todo vapor. Nas declarações, Bolsonaro não citou o tema, mas admitiu que ‘quem manda’ nas verbas e podem ‘arrumar os cortes’ são os deputados. “O orçamento, vocês podem alterar. Vocês podem botar o que vocês quiserem”.

Nordeste

Um dia após relacionar o analfabetismo no Nordeste com a vitória de Lula na região, o ex-capitão tentou minimizar a polêmica. Sem repetir as questões sobre o analfabetismo, disse apenas que a região teria mais problemas que o restante do Brasil e atribuiu estes problemas a administração de governos de esquerda.

Ao fim, antecipou que na sexta-feira a Caixa irá anunciar um novo programa de perdão de dívidas, ação que ocorre na esteira de liberação de recursos e outras medidas que visam atrair novos eleitores.

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