Política
Marcos do Val deixa a PF após prestar depoimento sobre plano golpista contra Moraes
Na semana passada, Jair Bolsonaro confirmou seu encontro com o senador e o ex-deputado Daniel Silveira, mas negou trama contra a eleição
O depoimento do senador licenciado Marcos do Val (Podemos-ES) à Polícia Federal em Brasília terminou pouco antes das 19h desta quarta-feira 19. A oitiva, com duração superior a cinco horas, se concentrou na suposta trama golpista que previa anular o resultado da eleição presidencial de 2022.
Esta é a segunda vez que o parlamentar depõe neste ano, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Na semana passada, o ex-presidente Jair Bolsonaro confirmou à PF seu encontro com Marcos do Val e o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) em 8 de dezembro de 2022. Ele negou, porém, ter discutido um plano golpista.
Os investidores buscam entender uma confusa trama descrita por Do Val em fevereiro deste ano. Naquela ocasião, o senador disse ter sido chamado por Silveira para gravar ilegalmente Moraes. A intenção seria forçar uma declaração comprometedora do magistrado que servisse de pretexto para uma ruptura.
Apesar de negar a trama, Bolsonaro admitiu à PF ter sido avisado sobre o teor da reunião.
“Indagado se Daniel Silveira adiantou que seria tratado algo sobre ministro Alexandre de Moraes, o declarante [Bolsonaro] respondeu que, segundo Daniel Silveira, o senador Marcos do Val também gostaria de tratar sobre algum assunto referente ao ministro, sem nenhum outro detalhe ou conotação pessoal”, diz o registro da oitiva, realizada em Brasília.
Nesse momento do depoimento, Bolsonaro também alegou que “não teve contato anterior” com Do Val. Na sequência, ele afirmou não manter “relação pessoal” com o senador e que “não sabe ao certo se a iniciativa da reunião foi de Marcos do Val ou de Daniel Silveira”.
Após a denúncia original, Do Val apresentou diversas versões conflitantes sobre o suposto plano. Em junho, ele se tornou alvo de uma operação da PF para buscar e apreender provas da trama. A coleta de documentos foi autorizada por Moraes e chegou a contar com um pedido de prisão apresentado pela corporação, mas barrado pelo ministro.
Em suas idas e vindas, Do Val chegou a dizer que Bolsonaro indicou concordância com a ideia golpista. Em outro momento, recuou e afirmou que o então presidente “ouviu tudo e ficou calado”.
Ao prestar depoimento à PF em fevereiro, o senador também declarou que Bolsonaro não teria demonstrado contrariedade ao plano.
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