Política
Mandetta se despede do Ministério da Saúde: “A ciência é a luz”
Demissão ocorreu após o presidente Jair Bolsonaro se opor a recomendações favoráveis ao isolamento social como combate ao coronavírus
Demitido do comando do Ministério da Saúde, Luiz Henrique Mandetta se despediu dos funcionários da pasta durante coletiva de imprensa em Brasília (DF), nesta quinta-feira 16. Na ocasião, pediu à equipe que haja “defesa intransigente” da ciência como meio de combate à pandemia de coronavírus.
A baixa ocorreu após sucessivas discordâncias públicas entre Mandetta e o presidente Jair Bolsonaro, que se opôs frontalmente às recomendações do Ministério da Saúde em favor do isolamento horizontal como prevenção à doença.
Mandetta agradeceu a toda a sua equipe pelo empenho nas ações contra a proliferação da covid-19. Desde a semana passada, ele relatava “clima de angústia” entre os integrantes da pasta, após os rumores de sua demissão.
“Muitos aqui entraram comigo no Ministério da Saúde. Mas a maioria eu conheci trabalhando pelo Ministério. Não posso medir o tamanho do meu agradecimento pelo que aprendi com vocês. Saio daqui com uma experiência absolutamente fantástica”, afirmou no pronunciamento. “Foi o melhor clima organizacional que alguém poderia ter construído. Nunca foi uma via de mão única.”
O ex-chefe da Saúde também reiterou que sempre foi “a voz a ser convencida a mudar de posição” e que prefere ser uma “metamorfose ambulante”. Em recado a Bolsonaro, Mandetta disse à equipe que eles não devem ter medo e pediu que haja “defesa intransigente” da vida, do Sistema Único de Saúde (SUS) e da ciência.
“Não tenham medo. Não façam um milímetro diferente do que vocês sabem fazer”, declarou. “A ciência é a luz. É o iluminismo. É através dela que nós vamos sair. Apostem todas as suas energias através da ciência. Não tenham uma visão única. Não pensem dentro da caixinha.”
Em coletiva de imprensa posterior à de Mandetta, Bolsonaro anunciou o nome do médico e oncologista Nelson Teich para assumir a chefia do Ministério da Saúde. Teich assessorou a campanha eleitoral de Bolsonaro em 2018 e tem apoio da Associação Médica Brasileira.
Segundo a última atualização da pasta, o Brasil contabiliza 1.924 mortes pelo novo coronavírus, em uma taxa de letalidade medida a 6,3%. Há óbitos em todos os estados e no Distrito Federal. São mais de 30 mil casos identificados da doença em todo o território brasileiro.
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