Política

Mandetta diz que fica no cargo, mas reclama de clima de angústia no Ministério da Saúde

Ministro relatou dia tenso e pouco produtivo em sua pasta, após rumores de que seria demitido pelo presidente Jair Bolsonaro

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Foto: Reprodução/YouTube
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O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que não abandonará o cargo, apesar das investidas do presidente Jair Bolsonaro para destituí-lo. A declaração ocorre após um dia de rumores sobre sua demissão, que motivaram uma reunião em Brasília com Bolsonaro e demais autoridades nesta segunda-feira 6.

Mandetta reforçou que “médico não abandona paciente”, mas relatou que “reações extremadas” dificultam o exercício do seu trabalho no combate ao novo coronavírus. Sem citar Bolsonaro nominalmente, o ministro disse que suas atividades recebem críticas que não têm objetivo construtivo.

“Gostamos da crítica construtiva. O que nós temos muita dificuldade é quando, em determinadas situações, por determinadas impressões, as críticas não vêm no sentido de construir, mas que vêm para trazer dificuldades no ambiente de trabalho”, comentou.

Mandetta relatou ainda clima de angústia na equipe de seu Ministério, devido às recentes turbulências políticas que ameaçaram a sua permanência no cargo.

“Isso eu não preciso traduzir, vocês todos sabem, que tem sido uma constante o Ministério da Saúde adotar uma determinada linha e termos que voltar, fazer contrapontos, para podermos reorganizar a equipe que fica numa sensação de angústia. Hoje foi um dia que rendeu muito pouco o trabalho no Ministério. Ficou todo mundo aqui com a cabeça meio avoada se eu iria permanecer, se eu iria sair”, disse.

 

O ministro afirmou que toda a equipe que atua hoje na pasta, na linha de frente contra o coronavírus, sairá junto com ele caso haja demissão. Seus principais parceiros no trabalho de contenção da doença são os secretários Wanderson Oliveira e João Gabbardo dos Reis.

Mandetta também reiterou suas recomendações de distanciamento social para que as camadas mais frágeis da sociedade não sejam atingidas com a proliferação do vírus. Além disso, ressaltou a preocupação com a sobrecarga dos hospitais e com a dificuldade em obter compras de insumos hospitalares produzidos pela China.

Ele fez questão ainda de defender seu trabalho como “técnico” e disse prestigiar as evidências científicas para a tomada de decisões contra a pandemia. No entanto, ele afirmou que os integrantes do Ministério são cobrados de informações sobre cenários e perspectivas da crise, sobre perguntas que eles mesmos se fazem.

O ministro ainda citou uma sequência de problemas sociais, como a precariedade nos transportes coletivos e a falta de saneamento básico, como obstáculos para a superação da disseminação do vírus.

“Não estamos prontos para uma escalada de casos nas grandes metrópoles”, destacou o ministro.

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