Mundo
Lula se reúne com Macron e anuncia ‘retomada’ das relações entre Brasil e França
Encontro ocorre após uma era de troca de farpas do presidente francês com Jair Bolsonaro


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com o homólogo francês Emmanuel Macron e anunciou a “retomada” das relações entre o Brasil e a França, durante o encontro do G7, que inclui o país europeu ao lado das potências Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.
Em nota, o governo federal informou que Lula e Macron discutiram a cooperação em projetos relacionados à defesa, a ampliação de trocas na área da cultura e a questão ucraniana.
O encontro entre os dois líderes reedita uma relação conflituosa do Brasil com a França durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Já no primeiro ano de mandato, Bolsonaro atacou o presidente francês em plena Assembleia Geral das Nações Unidas e chegou a ofender a primeira-dama Brigitte Macron.
O próprio presidente da França admitiu publicamente que a relação com o Brasil havia esfriado. Em 2021, Macron fez questão de receber Lula com honras de chefe de Estado, em Paris, onde o petista foi homenageado.
No G7, Lula discursou aos líderes das potências econômicas e reivindicou a inclusão de novos membros permanentes no Conselho de Segurança da ONU, do qual a França faz parte. O Brasil assumiu em janeiro um mandato de dois anos como membro não permanente do órgão, junto a outros nove países.
Veja dados sobre a relação entre o Brasil e a França
- A parceria estratégica foi firmada em 2006, com cooperação nas áreas de defesa, espaço, energia nuclear, desenvolvimento sustentável, educação, ciência e temas migratórios;
- Há cerca de 750 acordos e convênios bilaterais na área da educação, firmados entre universidades brasileiras e francesas;
- Cerca de 90 mil brasileiros vivem na França, e outros 82,5 mil, na Guiana Francesa. A França é o 2º país com maior presença de estudantes brasileiros;
- A maior fronteira terrestre da França fica entre a Guiana Francesa e o estado do Amapá, com 730 quilômetros;
- Cerca de 860 empresas francesas estão presentes no Brasil;
- O Brasil é o 2º principal destino de investimentos franceses entre os países emergentes;
- A França é o 3º maior investidor no Brasil pelo critério de controlador final, com 38 bilhões de dólares aplicados, e o 5º maior pelo critério de investidor imediato, com 32 bilhões de dólares em aplicações;
- Os principais produtos brasileiros exportados para a França são farelo de soja (21%), óleos brutos de petróleo (16%); minério de ferro e seus concentrados (9,1%) e celulose (7,5%);
- Os principais produtos franceses importados pelo Brasil são motores e máquinas não elétricos (15%), compostos organo-inorgânicos (8,9%) e medicamentos e produtos farmacêuticos (5,2%).
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

No G7, Lula critica ‘formação de blocos antagônicos’ e reivindica novos membros no Conselho de Segurança da ONU
Por Victor Ohana
Os sigilos de Bolsonaro e a Lei de Acesso à Informação sob Lula, segundo o ministro da CGU
Por Wendal Carmo