Política

Lula e Bolsonaro se enfrentam no 1º debate do 2º turno; confira os destaques

O encontro, a duas semanas da votação, ocorre em um formato conhecido como pool, uma parceria entre veículos de comunicação

Foto: Renato Pizzutto/Band
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O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, e o postulante do PL, Jair Bolsonaro, estão frente a frente neste domingo 16 para o primeiro debate do segundo turno, organizado por TV BandTV CulturaFolha de S.Paulo e UOL.

Serão três blocos, divididos entre confrontos diretos e perguntas de jornalistas.

A novidade deste debate na comparação com o encontro do primeiro turno é que os candidatos poderão circular pelo palco do estúdio da TV Band, em São Paulo, o que tende a deixar o formato menos “engessado”.

Confira os destaques:

‘Pintou um clima’

“Você teve de acordar 1h da manhã hoje para fazer uma live por causa da mentira que tinha de contar ao povo”, disse Lula a Bolsonaro. “Devia ter deitado com a consciência muito pesada, porque levantar 1h para fazer uma live e: ‘Eu não disse aquilo, não fiz aquilo’. Quem te conhece sabe que você fez.”

Nas últimas horas, o fato mais comentado nas redes sociais é a declaração de Bolsonaro sobre seu encontro com adolescentes venezuelanas. No trecho de entrevista destacado, o ex-capitão diz que “pintou um clima” em visita a refugiadas de 14 e 15 anos. Ele promoveu uma transmissão ao vivo na madrugada deste domingo para questionar a repercussão.

Novas pastas

Lula repetiu que criará o Ministério dos Povos Originários. “Os indígenas vão indicar o ministro”, afirmou. Bolsonaro ironizou: “Quanto mais ministérios, melhor, né?”.

Governo Lula, governo Dilma…

Bolsonaro mencionou o segundo governo Dilma para tentar confrontar Lula.

“Eu falei do meu governo, o governo mais exitoso da história do Brasil”, respondeu o petista. “Um governo que tirou 36 milhões da miséria absoluta, que colocou 42 milhões no padrão de consumo da classe média, que fez mais universidades na história do Brasil.”

Contato físico

Após um embate sobre corrupção e Operação Lava Jato, Bolsonaro se manteve em silêncio depois de Lula lhe passar a palavra. Na sequência, o ex-capitão pegou no ombro do petista. Os candidatos ficam mais próximos no palco.

Sigilo

Lula ironizou a prática de impor sigilo a assuntos desconfortáveis para o governo Bolsonaro.

“Tudo é motivo de sigilo. Isso tem perna curta, porque vai acabar. Eu vou ganhar as eleições e, no dia 1º de janeiro, vou pegar o seu sigilo e mostrar ao povo brasileiro, para saber por que você esconde tanta coisa.”

Petrobras

“A Petrobras tinha uma dívida de 300 milhões, porque ela precisava tirar o pré-sal de 7 mil metros de profundidade”, disse Lula. “Nós conseguimos tirar. Eu fiz a capitalização da Petrobras de 70 bilhões em 2010 e transformei a Petrobras na segunda maior empresa de energia do mundo.”

Segundo o petista, o Brasil “tem um potencial extraordinário e, se houve corrupção na Petrobras e prende-se o ladrão que roubou, acabou”. Ele destacou que não havia a prática reiterada, ao contrário do que ocorre no governo Bolsonaro, de impor sigilo a informações desconfortáveis.

Lula também fez críticas à Operação Lava Jato. O ex-juiz Sergio Moro está nos estúdios da Band para assistir ao debate.

“Se houve corrupção na Petrobras, não precisavam ter quebrado as empresas. Prendesse quem roubou e deixasse as empresas trabalhando, porque foram 4,4 milhões de empregos para a casa do chapéu, além de 270 bilhões que se deixou de investir e 58 bilhões que se deixou de arrecadar.”

Provocação

Lula lembrou que Bolsonaro atacou a jornalista Vera Magalhães no debate da Band no primeiro turno.

“Vou me aproximar da câmera, mas não vou te agredir, Vera”, disse o petista. Bolsonaro somente afirmou: “Satisfação revê-la”.

Toma lá, dá cá

“Eu não tenho nada a ver com esse orçamento secreto”, alegou Bolsonaro sobre o mecanismo utilizado por seu governo para garantir apoio no Congresso Nacional.

Lula afirmou que o presidente tem de lidar com os políticos eleitos para a Câmara e para o Senado.

“Vou tentar confrontar essa história do orçamento secreto. Vou tentar criar o orçamento participativo”, declarou o petista. “Vamos pegar o orçamento e mandar para o povo dar opinião, para saber o que ele quer que seja feito efetivamente, para ver se a gente consegue diminuir o poder de sequestro que o Centrão fez no presidente Bolsonaro”.

Fake news na campanha eleitoral

Lula disse que Bolsonaro “teve 36 processos de mentira no programa dele”. Segundo o petista, Bolsonaro conta pelo menos 6 ou 7 mentiras por dia. Lula também relembrou ter participado de outras campanhas presidenciais, mas de forma “civilizada”.

“Acho que a campanha tem de ser regulada, a Justiça tem de tomar decisão. Cada vez que houver mentira, vamos entrar com processo para tirar as coisas que são mentirosas”, prosseguiu o ex-presidente.

Bolsonaro, por sua vez, disse que Lula o chama de “genocida, miliciano e canibal”.

“Seu último programa me acusou de pedofilia, tentando me atingir naquilo que tenho de mais sagrado: defesa da família e das crianças. O senhor Alexandre de Moraes dá uma sentença contrária a essas mentiras”.

Separação de Poderes

Segundo Lula, “não é prudente um presidente querer ter ministros da Suprema Corte como amigos”. Foi uma provocação a Bolsonaro, que indicou ao STF Kassio Nunes Marques e André Mendonça.

Bolsonaro, por sua vez, disse que Lula “só é candidato a presidente por causa de um ministro que foi cabo eleitoral de Dilma Rousseff e depois por ela foi indicado ao STF, o senhor Fachin”.

Vestimenta

Lula foi ao encontro com um broche sobre o paletó em alusão à campanha de combate à exploração sexual infantil.

Nas últimas horas, o fato mais comentado nas redes sociais é a declaração de Bolsonaro sobre seu encontro com adolescentes venezuelanas. No trecho de entrevista destacado, o ex-capitão diz que “pintou um clima” em visita a refugiadas de 14 e 15 anos.

Crime organizado

Bolsonaro perguntou a Lula por que o petista, na Presidência, não transferiu Marcola, líder do Primeiro Comando da Capital, para um presídio federal.

Na resposta, Lula afirmou: “O candidato sabe que quem tem relação com miliciano e com crime organizado não sou eu, e ele sabe quem tem. Sabe da culpabilidade do crime organizado que matou Marielle no Rio de Janeiro. Eu fiz cinco prisões de segurança máxima”.

Bolsonaro alegou que na recente viagem de Lula ao Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, “não tinha um policial ao lado, só traficante”.

Lula disse ser “o único candidato a presidente com coragem de entrar na favela”.

“As pessoas me diziam: ‘Vai com cuidado, porque o Bolsonaro é amigo dos milicianos’. Eu ia, porque acredito no povo”, prosseguiu o petista.

Tragédia na pandemia

Lula relembrou que o Brasil, com 3% da população mundial, teve 11% das mortes por Covid-19 no planeta. “O senhor não carrega nas costas o sofrimento dos brasileiros de ser responsável por pelo menos 400 mil mortes no País”, perguntou o petista.

Segundo Bolsonaro, o Brasil “foi um dos países que mais vacinou no mundo e em tempo mais rápido”.

Lula destacou que se baseia “em dados científicos”. E acrescentou: “O senhor atrasou as vacinas. Depois teve um processo de corrupção definido pela CPI. A sua negligência fez com que 680 mil pessoas morressem quando mais de metade podia ter sido salva”.

“Não tem na história do mundo alguém que brincou com a pandemia e com a morte como você brincou”, afirmou ainda Lula a Bolsonaro. Na sequência, lembrou declarações em que Bolsonaro debochou da gravidade da pandemia, como o uso do termo “gripezinha” e a negação da morte de crianças.

O presidente alegou que “corrupção fez o PT na Covid”. Mencionou supostos desvios de 50 milhões de reais no Consórcio Nordeste que não teriam sido investigados pela CPI, no Senado. “Me preocupei com cada morte no Brasil”, sugeriu Bolsonaro.

Legado na economia: começa o confronto direto

No início do confronto direto do primeiro bloco, Lula relembrou o sucesso de seus governos na economia. Ele perguntou a Bolsonaro quantas universidades e escolas técnicas o atual governo entregou.

Em sua intervenção, o ex-capitão fugiu da pergunta e disse que Lula “promete o tempo todo”, como “picanha e cerveja”. Seriam propostas, segundo Bolsonaro, “mirabolantes”.

Lula reforçou que seus governos não tinham apenas o Bolsa Família como programa social. “Nosso programa de inclusão foi a maior política de distribuição de renda que este País já aconteceu. Era ajuda ao pequeno produtor rural, eram 1,4 milhão de cisternas para o Nordeste, era o PNAE para levar comida às crianças mais pobres, além do aumento de salário mínimo de 74%.

De onde sairá o dinheiro para bancar as promessas de campanha?

Bolsonaro mencionou o Auxílio Brasil. Segundo ele, a origem do benefício de 600 reais será “uma proposta que já passou na Câmara, visando a Reforma Tributária, e está no Senado”. Ele disse que manterá “essa despesa extra de forma permanente e vitalícia”, mas “sempre com responsabilidade fiscal”.

Lula lembrou o fato de que o auxílio de 600 reais não está na Lei de Diretrizes Orçamentárias enviada pelo governo federal ao Congresso Nacional – ou seja, a continuidade do programa seria incerta.

“Se você souber trabalhar e planejar, terá o dinheiro para fazer as coisas. Ao mesmo tempo, temos certeza de que o Congresso vai aprovar uma Reforma Tributária para que a gente possa taxar menos os mais pobres e cobrar mais dos mais ricos”.

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