Política

Lula diz que não ficará ‘só nas redes sociais’ e quer levar ‘lista de deputados aliados’ a eventos

O ex-presidente voltou a tratar da importância das eleições para o Congresso; segundo ele, uma maioria de esquerda é condição para cumprir as principais promessas

Lula no evento que definiu o apoio do Solidariedade à sua candidatura. Geraldo Alckmin e Paulinho da Força participaram do ato. Foto: Ricardo Stuckert
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a citar a importância que as eleições para o Congresso Nacional terão em 2022. Líder das pesquisas de intenção de voto, o petista agora condiciona parte do sucesso de um terceiro governo à eleição de uma maioria da esquerda no Parlamento. As declarações foram dadas no evento do Solidariedade que oficializou o apoio à candidatura de Lula, nesta terça-feira 3.

“Eu sou candidato a presidente, o Alckmin a vice e aqui tem vários candidatos a governador. Mas se a gente não eleger uma maioria de deputados que estão comprometidos com os discursos que temos, uma maioria de senadores e a gente ganhar as eleições tendo o atual presidente da Câmara um poder imperial…”, disse Lula, interrompendo o raciocínio em tom de alerta.

Essa não é a primeira vez que Lula defende a escolha de deputados alinhados com suas propostas. Em evento recente, afirmou inclusive que isso seria ‘tão ou mais importante’ do que eleger quem será o novo presidente. Ele tem defendido que, a se confirmar um novo mandato, terá dificuldades para cumprir promessas de campanha, como revogar o teto de gastos ou rever a Reforma Trabalhista, caso o atual perfil do Congresso seja mantido.

No evento desta terça, Lula ainda se comprometeu a levar uma ‘lista de deputados e senadores aliados’ em cada estado que visitar durante a campanha.

“Nós então precisamos eleger e eu quero assumir compromisso de na nossa campanha, nos atos públicos […], publicar uma lista de deputados nossos daquele estado para a gente dizer: esses são esses os nossos senadores e deputados e é nessa gente que o povo tem que votar para mudar este País.”

Nesse momento, Lula interrompeu novamente parte do raciocínio para rebater críticas de que sua campanha deveria reforçar a comunicação em redes sociais, terreno dominado por bolsonaristas. “Tem gente que acha que não precisamos fazer campanha com comício, é só na rede social, mas quem quiser ficar na rede social que fique, eu vou viajar o Brasil para conversar com o povo.”

Sua comunicação de campanha tem passado por uma reformulação nas últimas semanas, após sofrer impasses no partido. As críticas giravam em torno da pouca afinidade de Lula com aplicativos como WhatsApp e Telegram, usados por Jair Bolsonaro (PL). Após as polêmicas sobre os perfis mantidos por Lula na internet, a campanha do petista tem acolhido novos integrantes e reformulado estratégias de comunicação.

Frente ampla

Em clima de construção de frente ampla, com a presença oficial do Solidariedade, Lula aproveitou para sinalizar publicamente ao MDB, partido com o qual mantém conversas sobre apoio já no primeiro turno. Parte da legenda quer endossar Lula, mas o presidente Baleia Rossi, até o momento, pretende lançar a candidatura de Simone Tebet pela chamada terceira via. Há ainda integrantes que desejam subir no palanque de Jair Bolsonaro.

Sobre o MDB, ao tratar de eventos históricos para a democracia como a promulgação da Constituição e as manifestações nacionais pelas Diretas Já, Lula agradeceu ao ex-presidente José Sarney (MDB-MA) por ser, apesar das críticas, um ‘garantidor da democracia’.

“Tem muita gente que critica o Sarney e eu quero reconhecer aqui publicamente que ele foi um garantidor do fortalecimento da democracia neste País. Se não fosse o comportamento do Sarney, não sei se a gente tinha chegado onde chegamos”, destacou Lula logo no início do discurso desta terça.

No evento, além de líderes do Solidariedade, estavam presentes o senador Omar Aziz e o vice-presidente Marcelo Ramos, que integram a ala do PSD que defende publicamente o apoio a Lula. O presidente da legenda, Gilberto Kassab, porém, não sacramentou a aliança e, ao que tudo indica, pretende liberar seus filiados para integrarem qualquer palanque neste pleito. O político teve três tentativas de lançar candidato próprio frustradas em 2022.

Aziz, em breve participação no evento, tocou no assunto e disse não acreditar no surgimento de uma ‘terceira via’: “Essa eleição será uma definição entre a gente avançar na democracia ou retroceder nas conquistas. Por isso não tem uma terceira opção.”

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