Política

Lula critica PGR fora da lista tríplice: “República de amigos”

Entrevistado por CartaCapital, Lula afirmou que não indicaria um amigo à procuradoria: ‘O Estado não é meu’

Foto: Ricardo Stuckert
Apoie Siga-nos no

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a Polícia Federal por ter atuado em serviço do presidente Jair Bolsonaro (PSL). O petista cedeu entrevista a CartaCapital, na quarta-feira 4, na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, onde está preso desde 7 de abril de 2018.

Lula havia sido perguntado sobre sua avaliação em relação à indicação do subprocurador Augusto Aras à Procuradoria-Geral da República (PGR). Sob a responsabilidade de Bolsonaro, a escolha desobedeceu à orientação da lista tríplice, com os três nomes favoritos dos membros do Ministério Público.

“Eu sou republicano porque eu acho que o Estado não é meu”, disse o petista. “Então, eu não posso indicar o presidente da Suprema Corte o meu amigo. Eu não posso indicar o procurador meu amigo. Até poderia. Mas a minha formação política do meio sindical não permitia que eu agisse assim. Daí porque eu não tenho dúvida nenhuma. Tenho falado de bom senso, na sede da Polícia Federal de onde eu tô detido. A Polícia Federal vai se arrepender da bobagem que fez trabalhando para o Collor… para o Bolsonaro. Quem não vai se arrepender é o Ministério Público. Porque quanto mais for republicano o presidente da República, mais autonomia essas instituições vão ter para exercer a sua função.”

Em seguida, o ex-presidente afirmou que o Brasil “não é uma República de amigos”.

“Eu não quero um delegado meu amigo. Eu não quero um procurador meu amigo. Eu quero um procurador que seja procurador, que tenha respeito ao povo brasileiro, que tenha capacidade de investigar e de acusar com seriedade, que cumpra o papel constitucional que a ele está determinado na Constituição. É isso que eu quero. Não é uma República de amigos”, disse.

A indicação de Augusto Aras foi anunciada na quinta-feira 5 pelo presidente da República. O nome ainda deve ser aprovado pelo Senado Federal. Para indicá-lo, Bolsonaro quebrou uma tradição de 16 anos entre os presidentes anteriores, que lançavam o nome a partir dos mais votados entre os procuradores.

Em nota, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) afirmou que recebeu a notícia com “contrariedade” e interpreta a escolha de Augusto Aras como um “retrocesso institucional”.

Doutor em Direito Constitucional pela PUC-SP, Aras atua, até o momento, como subprocurador-geral da República e coordenador da Câmara da Ordem Econômica e do Consumidor (3ª CCR) do Ministério Público Federal.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo