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Lula critica independência do Banco Central: ‘Acharam que ia melhorar o quê?’
Em entrevista à GloboNews, o presidente disse que a independência da instituição é ‘bobagem’
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a proposta de independência do Banco Central, que ganhou espaço no governo de Jair Bolsonaro (PL) com a aprovação da “lei de autonomia”, dispositivo que alterou as regras dos mandatos da presidência e da diretoria da instituição.
A declaração ocorreu durante entrevista à GloboNews exibida nesta quarta-feira 18. Foi a primeira entrevista exclusiva do petista a uma emissora de televisão em seu terceiro mandato.
Durante a conversa, Lula disse ter divergências com a defesa da independência do Banco Central e comparou o atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, indicado por Bolsonaro, ao economista Henrique Meirelles, que ocupava o mesmo cargo nos anos 2000.
“Neste País, se brigou muito para ter um Banco Central independente, achando que ia melhorar o quê? Eu posso te dizer, com a minha experiência: é uma bobagem achar que o presidente de um Banco Central independente vai fazer mais do que fez o Banco Central quando o presidente é quem indicava. Eu duvido que esse presidente do Banco Central seja mais independente do que foi o Meirelles”, afirmou.
Lula questionou ainda a alta na inflação e nos juros. O presidente mencionou a meta de 3,75% na inflação imposta pelo Banco Central em 2021, ano em que o percentual ultrapassou os dois dígitos pela primeira vez em cinco anos.
“Por que o Banco é independente e a inflação está do jeito que está, e os juros estão do jeito que estão? Você estabeleceu uma meta de inflação de 3,7%. Quando você faz isso, você é obrigado a arrochar mais a economia para poder atingir aqueles 3,7%. Por que precisava fazer 3,7%? Por que não fazer 4,5%, como nós fizemos?”, indagou.
Na sequência, Lula reivindicou a necessidade de ampliar políticas sociais e criticou a concentração de renda.
“O que nós precisamos neste instante é o seguinte: a economia brasileira precisa voltar a crescer. E nós precisamos fazer distribuição de renda. Nós precisamos fazer mais política social. Se você pegar todos os dados econômicos, vai ver que, durante a pandemia, quem era rico ficou mais rico. Os poderosos ficaram muito mais ricos. E o povo ficou mais pobre.”
A discussão sobre a independência do Banco Central divide economistas.
De um lado, defende-se maior autonomia para que o BC seja distanciado de “pressões políticas” que venham do governante. Do outro, critica-se a autonomia por aproximar a instituição da influência dos empresários, independentemente da proposta de política econômica vitoriosa nas urnas.
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