Diversidade
Levantamento indica recorde de candidaturas LGBT+, com maioria de pessoas pretas
Apesar de se tratar de um registro histórico, candidaturas LGBT+ representam menos de 1% do total no Brasil
Um levantamento divulgado nesta quarta-feira 17 aponta recorde nos registros de candidaturas LGBT+ em 2022. A pesquisa foi publicada pela organização VoteLGBT dois dias após o término do prazo para a oficialização das candidaturas no Tribunal Superior Eleitoral.
O estudo identificou o registro de 214 candidaturas autodeclaradas como LGBT+. A maior parte delas é de pessoas entre 30 e 39 anos: são 79 candidaturas, que representam 36,9% do total. Em seguida, pessoas entre 20 e 29 anos, que formam um grupo de 69 candidaturas, equivalente a 32,24%.
São 175 candidaturas individuais, 81,8% do total. Outras 39 candidaturas são coletivas (18,2%), em que mais de um político compõe o mesmo mandato. A maioria das candidaturas está na Região Sudeste, com 81, seguida de Nordeste (55), Sul (36), Centro-Oeste (30) e Norte (12).
São Paulo é o estado com o maior número de registros no Brasil (41), à frente de Minas Gerais (22) e Santa Catarina (16). Todos os estados e o Distrito Federal registraram pelo menos uma candidatura LGBT+. A pesquisa identificou apenas uma candidatura LGBT+ no Acre, no Amapá e em Roraima.
São 121 candidatos a deputados estaduais, 81 a federais, 8 a distritais, três a senador e 1 a governador.
Dos 32 partidos existentes no Brasil, os pesquisadores identificaram candidaturas LGBT+ em 20. São 85% que se declaram de esquerda, 12% de centro e quase 2% de direita.
O PSOL é o que tem mais candidaturas LGBT+ (81), seguido por PT (49), PSB (23) e PDT (17). As outras 16 legendas que registraram candidaturas LGBT+ têm números muito mais baixos: Rede Sustentabilidade (7); MDB (7); PCdoB (6); PCB (5); Cidadania (4); PSDB (3); PV (2); Unidade Popular (2). Registraram apenas uma candidatura Novo, PMB, Podemos, PROS, PSC, Solidariedade e União Brasil.
No quesito identidade de gênero, a maioria é de mulheres cis (89), homens cis (63), mulheres trans (34) e travestis (16). Homens trans, pessoas não binárias e outras denominações representam quatro candidaturas cada. Em relação à orientação sexual, 61 candidaturas são de homens gays, 58 de bissexuais, 49 de lésbicas, 31 de heterossexuais, 11 de pansexuais e 4 de outras denominações.
A maior parte é de pessoas pretas (94), seguidas de pessoas brancas (71), pessoas pardas (44) e indígenas (5).
Apesar do número recorde, no entanto, as candidaturas LGBT+ representam somente 0,76% do total de postulantes no Brasil, de acordo com o estudo.
A organização diz ter extraído os números a partir de conferências nos registros do TSE, combinadas com a identificação de candidaturas por meio das redes sociais e de visitas de pesquisadores a todos os estados.
Em nota, o VoteLGBT celebrou o marco, mas recomendou que os partidos garantam recursos financeiros a essas candidaturas, “para que não tenham de depender apenas de sua capacidade de mobilização social própria para serem eleitas”.
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