Justiça
Justiça aceita recurso e permite eleição na Rede, de Marina Silva e Heloísa Helena
Uma liminar do desembargador Fábio Eduardo Marques havia suspendido o congresso partidário deste fim de semana


O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios aceitou, na noite da quinta-feira 10, um recurso que permite a realização do 6º Congresso Nacional da Rede Sustentabilidade, entre esta sexta 11 e o domingo 13. O encontro servirá para escolher o novo porta-voz nacional da sigla.
Trata-se de mais um capítulo do embate que opõe os grupos da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e da ex-senadora Heloísa Helena — líder da ala da qual partiu o recurso acatado.
Mais cedo, uma liminar do desembargador Fábio Eduardo Marques havia determinado a suspensão do congresso. Após o TJ-DFT aceitar o recurso, Marques reconsiderou sua decisão.
Ao suspender inicialmente o encontro da Rede, o magistrado afirmou haver indefinição sobre a composição do colégio eleitoral, o que representaria risco de um gasto irreversível de 1 milhão de reais em recursos públicos.
A ação na Justiça do DF partiu de Giovanni Mockus, aliado de Marina que postula o comando da Rede. Quando questionou o processo eleitoral interno, ele apontou indícios de fraudes em conferências estaduais — irregularidades que já eram alvo de outras ações judiciais. Também alegou que seu grupo não teve acesso à lista oficial de delegados aptos a votar.
No mês passado, a legenda enfrentou disputas judiciais em ao menos cinco estados. Em Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Espírito Santo, o grupo de Marina denunciou irregularidades, como filiações supostamente feitas sem consentimento. O caso mais emblemático ocorreu na Bahia, onde duas convenções paralelas foram realizadas.
Hoje no comando da legenda, a ala ligada a Heloísa Helena tenta emplacar o atual secretário de Relações Institucionais de Belo Horizonte, Paulo Lamac, como próximo porta-voz da Rede.
O racha no partido tem como pano de fundo algumas divergências relacionadas à base teórica da agremiação. Enquanto Marina se declara “sustentabilista”, Heloísa defende o “ecossocialismo”, que associa a preservação ambiental à mudança do sistema econômico. As duas foram aliadas no passado e entre 1999 e 2003, por exemplo, dividiram a bancada do PT no Senado.
A ex-senadora deixou o diretório petista em 2003 após votar contra a reforma da Previdência proposta pelo primeiro mandato de Lula. Heloísa ajudou a fundar o PSOL e, depois, juntou-se a Marina quando a ambientalista criou a Rede, em 2015.
Nos últimos anos, as diferenças das duas ficaram evidentes. Em 2022, Marina apoiou a eleição de Lula, enquanto Heloísa esteve ao lado de Ciro Gomes (PDT).
A tensão aumentou quando, ainda em 2023, Heloísa Helena lançou uma chapa contra a ala de Marina para o comando nacional da Rede e venceu a disputa. Procurada, a Rede Sustentabilidade ainda não comentou. O espaço segue aberto.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Alvo de representação na PGR, deputado pede desculpas por desejar a morte de Lula
Por Wendal Carmo
Câmara discute proibir o bloqueio de perfis de candidatos nas redes sociais
Por CartaCapital