Política

‘Não tiro uma vírgula’, diz Heloisa Helena sobre críticas a Lula como senadora

Em entrevista a CartaCapital, a ex-candidata à Presidência manifestou apoio a Ciro Gomes e falou sobre as negociações para uma federação com o PSOL

Heloísa Helena, hoje porta-voz do partido Rede Sustentabilidade. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
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Porta-voz nacional da Rede Sustentabilidade, Heloísa Helena demonstrou não se arrepender das críticas que fazia ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quando foi candidata ao Palácio do Planalto, em 2006.

Em entrevista nesta sexta-feira 18 ao programa Direto da Redação, no canal de CartaCapital no YouTube, Helena disse ser difícil analisar determinados eventos diante da “situação dramática” do governo de Jair Bolsonaro (PL), mas afirmou que não recuaria em suas declarações sobre Lula feitas quando era senadora.

“Nós estamos trabalhando na realidade agora. Se eu fosse olhar tudo o que eu falei quando fui senadora, eu não tiro uma vírgula do que eu falei à época, porque eu não estava sendo uma demagoga irresponsável”, disse Helena.

Naquele tempo, Helena exercia um mandato de oito anos no Senado. Ela havia chegado ao cargo em 1999 pelo PT, mas foi expulsa do partido em 2003, por desobediência partidária e críticas ostensivas à sigla.

Uma das divergências se dava pela aprovação do projeto de reforma da Previdência que era de interesse do PT.

Em 2004, Helena participou da fundação do PSOL e dois anos depois se candidatou à Presidência pela legenda, em uma coligação com o PCB e o PSTU denominada “Frente de Esquerda”, quando Lula brigava pelo seu segundo mandato. Ela foi a terceira colocada no primeiro turno, atrás do então tucano Geraldo Alckmin.

Na propaganda eleitoral, a então candidata dizia que a população poderia dar exemplo nas urnas, “não votando em político corrupto, que engana os pobres e governa para os banqueiros, que finge que não vê roubalheira, mensalão, sanguessugas, mas cinicamente vive em conluio com eles”.

Ao programa de CartaCapital, Helena negou ter ressentimentos sobre a época.

“Eu tive a oportunidade de ser testada na política. Portanto, eu não tenho mágoa nenhuma do que vivenciei. Eu enfrentei o combate que eu queria enfrentar. Fui perseguida de forma implacável, como meus adversários achavam que tinha que ser. E pronto, faz parte da guerra”, afirmou.

Hoje, Helena defende a candidatura de Ciro Gomes (PDT). Para a porta-voz da Rede, o pedetista representa “a única candidatura que tem discutido projeto”. Segundo ela, Ciro Gomes e Carlos Lupi, presidente do PDT, chegaram a dizer a Marina Silva, líder da Rede, que estariam abertos a incorporar as suas proposições.

Porém, diz Helena, “a Rede não fechará posição em relação a nenhuma das candidaturas”. O senador Randolfe Rodrigues, seu colega de partido, já anunciou apoio a Lula.

A Rede mantém tratativas com o PSOL para fechar uma federação, tipo de associação entre partidos parecida com a coligação, mas que tem duração obrigatória de pelo menos quatro anos. Boa parte do PSOL, no entanto, está inclinada a apoiar Lula, desde que o petista se comprometa com algumas bandeiras.

De acordo com Helena, há uma negociação para que o estatuto da união entre Rede e PSOL abra “a possibilidade da divergência pública sem sanção diante da orientação da federação, na tática eleitoral nacional e em quatro estados”. A ex-senadora negou, porém, a existência de uma “cláusula de consciência”.

“Se não for possível viabilizar esse artigo no estatuto de funcionamento da federação, nós vamos continuar nos respeitando, nos reencontrando nas lutas de todos os dias, como os que são parlamentares já fazem”, afirmou. “Não sei nem onde se inventou isso de cláusula de consciência. Existe uma tratativa séria, objetiva, respeitosa, e nós queremos ter direito à divergência pública sem sanção, preservando a autonomia da Rede, do mesmo jeito que o PSOL preservará a sua autonomia.”

Confira a entrevista na íntegra no canal de CartaCapital no YouTube.

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