Integrantes do PL no Nordeste ‘se rebelam’ e vão apoiar Lula nestas eleições, diz jornal

Ao menos 20 prefeitos do PL da região Nordeste anunciaram que não irão seguir a orientação nacional da legenda de apoiar Jair Bolsonaro (PL) e que vão apoiar Lula (PT) nestas eleições. Parte deles já aparece em atos de campanha ao lado de nomes como Jerônimo Rodrigues, Rui Costa e Otto Alencar.

As informações são do jornal Folha de S. Paulo deste sábado 27, que mapeou a atuação de 142 prefeitos do PL de cidades da região. Destes, ao menos 20 apoiam abertamente o petista e outra parcela prefere não se posicionar na disputa nacional para o Planalto nas suas redes e participações em ato de campanha.

Há também outros dois casos de prefeitos do PL no Ceará e no Rio Grande do Norte que apoiam candidatos do PT para governos estaduais, mas não fazem menção direta ao ex-presidente Lula nas suas redes sociais.

Ainda segundo o jornal, apenas três líderes municipais do PL no Nordeste fazem abertamente campanha para Bolsonaro com menções nas redes sociais e em suas aparições publicadas.

Os números reforçam a baixa popularidade do ex-capitão na região, que tem, segundo pesquisas, resultados piores do que aqueles que registra nacionalmente. A mais recente pesquisa do instituto Datafolha, por exemplo, traz Bolsonaro com 32% das intenções de voto no cenário geral, mas com apenas 24% de apoio no Nordeste. Lula, por sua vez, soma 47% no geral e sobe a 57% no recorte regional. Os números foram divulgados no último dia 18 de agosto.

O jornal registra ainda que o principal foco de ‘rebeldia’ dos políticos do PL é a Bahia, onde as distâncias entre Lula e Bolsonaro passam dos 40 pontos em alguns levantamentos. Dos 20 nomes que o partido tem comandando cidades no estado, 13 anunciaram apoio ao ex-presidente petista. Dos sete restantes, cinco irão abrir palanque para ACM Neto (União Brasil) e não para o bolsonarista João Roma (PL).

Questionado pela reportagem, o PL não quis se pronunciar sobre a dissidência dos seus filiados no Nordeste. Já um dos prefeitos que decidiu fazer campanha para Lula, explicou as motivações. Ele destaca o apoio histórico da legenda a Rui Costa e Jaques Wagner, rompido apenas após a chegada de Bolsonaro na sigla.

“A política é construída com relações profissionais, pessoais e principalmente por fidelidade. Não tinha outro caminho a seguir”, disse Marcelo Emerenciano (PL), que comanda a cidade de Cocos, no oeste da Bahia.

Outro líder municipal a justificar a aproximação do PL nordestino com o PT foi Lélio Júnior, prefeito de Presidente Jânio Quadros, no sudoeste baiano. Ele também relembra o histórico de aliança entre as legendas. A mesma motivação é apontada por Roberval Galego (PL), que comanda a cidade de Dom Basílio.

“Como prefeito de um município pequeno de interior, posso afirmar que o investimento do governo federal no meu município é zero. Nossa cidade foi desprezada por Bolsonaro”, diz Galego.

Em nenhum dos casos, vale ressaltar, os políticos pretendem deixar o PL. Júnior e Emerenciano dizem ter ótima relação com Valdemar Costa Neto, que lidera nacionalmente o partido, e que Bolsonaro teria chegado ‘depois’ nessa relação política.