Mundo
Índice global de corrupção traz Brasil ‘estagnado’ junto a Etiópia e Peru
Investigação de Bolsonaro no STF, caso das rachadinhas e ataques à imprensa compõem pontuação em ranking da Transparência Internacional
O Brasil “permanece estagnado” em um “patamar ruim” de um dos mais conhecidos índices de corrupção global, elaborado anualmente pela organização Transparência Internacional. A edição referente a 2020 foi publicada nesta quinta-feira 28.
Com 38 pontos acumulados o Brasil está um ponto a menos do que a média dos BRICS (39 pontos), abaixo da América Latina e do Caribe (41 pontos), e bem distante das pontuações médias relativas a países integrantes do G20 (54 pontos) e da OCDE (64 pontos). Os critérios levam em conta níveis percebidos de corrupção no setor público por especialistas e empresários de 180 países.
Embora a variação tenha permanecido dentro da margem de erro do estudo, o aumento leva o Brasil da 106ª posição para a 94ª, empatado com países como a Etiópia, Peru, Cazaquistão, atrás de Colômbia, Turquia e China e à frente de Bósnia e Herzegovina e do Egito.
Rachadinhas e ataques à imprensa compõem ranqueamento do Brasil
Na análise relativa ao Brasil, a Transparência Internacional destaca que o presidente Jair Bolsonaro segue investigado pelo Supremo Tribunal Federal por suspeitas de tentar interferir na Polícia Federal – levantadas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro.
Também aparecem as investigações envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Segundo denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro, havia desvio de salários de funcionários do gabinete de Flávio com o consentimento do então deputado estadual e de seu braço-direito, Fabrício Queiroz. Outra investigação semelhante que mirao vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) também é citada.
Outros pontos relativos ao mal-estar entre procuradores da Operação Lava Jato e o procurador-geral da República, Augusto Aras, são citados como geradores de “grande desconfiança” devido às “decisões controversas” do escritório de Aras.
O presidente fustigado ainda por suas frequentes investidas contra a imprensa e a sociedade civil. Há destaque para quando Bolsonaro ameaçou “encher a boca” de um repórter “de porrada” após ser questionado sobre o depósito de 89 mil por parte de Queiroz reais na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro, e a comparação feita pelo presidente de que ONGs são “um câncer” que ele não conseguia matar.
Corrupção e Covid
A Transparência Internacional também colocou em perspectiva as ingerências públicas cometidas no contexto da pandemia de coronavírus.
“A corrupção domina as respostas à COVID-19, desde subornos relativos a testes de COVID-19, a tratamentos e a outros serviços de saúde, até à aquisição pública de suprimentos médicos e ao nível geral de preparação para emergências”, escrevem.
Ainda de acordo com a organização, os países que melhor investiram em saúde pública se saíram melhor no monitoramento de casos e na organização de estratégias. O Uruguai, por exemplo, um dos mais bem avaliados da América Latina: os gastos do governo com saúde estão entre os maiores da região e o país conta com um sistema robusto de vigilância epidemiológica.
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.