Política
Imprensa internacional repercute atos ‘contra a retórica golpista de Bolsonaro’
O texto lido na Faculdade de Direito da USP sai em defesa do Estado Democrático de Direito e do respeito às eleições, ante as ameaças do ex-capitão


Importantes veículos jornalísticos internacionais repercutiram nesta quinta-feira 11 os atos em defesa da democracia e do processo eleitoral no Brasil.
Uma cerimônia na Faculdade de Direito da USP marcou a leitura de uma carta assinada por quase 1 milhão de pessoas. O texto sai em defesa do Estado Democrático de Direito e do respeito às eleições, ante as ameaças golpistas do presidente Jair Bolsonaro (PL).
O jornal The Guardian, da Inglaterra, destacou a publicação do manifesto “em meio a temores de que Jair Bolsonaro possa tentar um golpe como o de 6 de janeiro [nos EUA] para manter o poder se for derrotado em outubro”.
O diário espanhol El País ressaltou o fato de que “quase um milhão de brasileiros assinaram um manifesto contra o desvio autoritário de Bolsonaro”. Para o veículo, o texto da USP “promete ser a tentativa mais sólida e unificada de conter a retórica golpista do presidente, que continua a questionar a confiabilidade do sistema eleitoral a menos de dois meses das eleições”.
Le Figaro, da França, avaliou que Bolsonaro recebeu “uma severa advertência com menos de dois meses para a votação, pois continua a atacar o sistema eleitoral, dando a entender que irá às ruas para contestar os resultados da eleição, cujo favorito é hoje o ex-presidente Lula”.
Na Argentina, o Clarin publicou que “o Brasil se mobiliza em defesa da democracia e desafia Jair Bolsonaro”. O jornal relembra que “há mais de um ano Bolsonaro afirma repetidamente que as urnas eletrônicas são propensas a fraudes, embora nunca tenha apresentado qualquer evidência”.
Por sua vez, a ABC, emissora aberta dos Estados Unidos, informou em seu site que “milhares de brasileiros se reuniram em uma faculdade de direito em defesa das instituições democráticas, um evento que reverbera uma reunião de quase 45 anos atrás, quando os cidadãos se encontraram no mesmo local para denunciar uma brutal ditadura militar”.
“Os manifestos ressaltam a preocupação generalizada de que o líder de extrema-direita possa seguir os passos de Donald Trump e rejeitar os resultados eleitorais que não estejam a seu favor, em uma tentativa de se apegar ao poder”, diz ainda o texto publicado pela ABC.
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