Política

Haddad a Tarcísio: ‘Não precisamos de um cara de fora para resolver nossos problemas’

Segundo o ex-prefeito, o candidato do Republicanos, que é carioca, seria apenas ‘um pau mandado’ de Bolsonaro que usa a campanha para depreciar os paulistas

Foto: Reprodução
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O ex-prefeito e candidato ao governo de São Paulo pelo PT, Fernando Haddad, criticou nesta sexta-feira 19 as insinuações de Tarcísio de Freitas (Republicanos) de que o estado precisaria de alguém ‘de fora’ para resolver seus problemas históricos. A avaliação sobre o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) foi feita em sabatina do jornal O Estado de S. Paulo em parceria com a FAAP.

Para Haddad, essa visão propagada por Tarcísio, que é carioca e teve sua mudança de domicílio eleitoral questionada juridicamente, é depreciativa com os habitantes do estado.

“Não precisamos de um cara de fora para resolver nossos problemas aqui, como estão dizendo. Pera lá, cara, vai com calma, devagar com o andor. Estamos falando de um estado que é 30% do PIB”, iniciou Haddad. “Primeira vez que eu concordo com editorial do Estadão foi hoje, que bateram firme no Tarcísio. Pelo amor de Deus, não dá para ser assim. O cara vem de pau mandado para cá e ainda critica os 46 milhões de habitantes e diz que não tem gente para resolver os problemas aqui”.

No evento, o petista ainda comentou os resultados de pesquisas recentes. Atualmente, Haddad tem 38% das intenções de voto, ante 16% de Tarcísio e 11% do atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), segundo o Datafolha de quinta-feira 18. Sobre o desempenho, o candidato avaliou como sendo um resultado de uma grande reprovação a Bolsonaro, aliado de Tarcísio, e de um cansaço com as gestões tucanas no estado.

“Acho que o antibolsonarismo é real, como as pesquisas indicam. Não é uma avaliação pessoal, são dos institutos de pesquisa [que avaliam] que há um sentimento contrário sobre como Bolsonaro se conduz na Presidência, completamente incompatível com o cargo”, disse. “E há também um desgaste com o governo estadual”.

Na conversa, ele ainda minimizou a rejeição registrada à sua candidatura pelo mesmo levantamento. “Não existe a possibilidade de um partido forte como o PT não ter algum tipo de rejeição, porque são visões de mundo conflitantes”, destacou. “Tem uma parte do eleitorado que não concorda com distribuição de renda, com expansão da universidade para pobres, que não concorda que o negro tenha o mesmo direito do branco de fazer medicina. É uma visão de mundo, então você não vai ter 100% de apoio”.

“Agora, eu que sou o mais conhecido, tenho 30%, os meus adversários, que não são conhecidos, têm 20%. Quando você associar o Tarcísio a Bolsonaro, ele vai crescer na pesquisa e, ao mesmo tempo, vai aumentar sua rejeição. É natural. O mesmo quando se associa o Rodrigo ao Doria, vai crescer, mas também vai aumentar a rejeição”, completou em seguida.

Liberação de armas por Bolsonaro está fazendo nascer milícias em SP

Em outro trecho da sabatina, Haddad ainda fez um balanço das políticas armamentistas do governo Bolsonaro. Para ele, a liberação desenfreada de armas de fogo no País trará consequência de um aumento de violência ainda pouco dimensionado. Para ele, um dos primeiros resultados negativos da política do atual governo que já pode ser sentido é o surgimento de milícias no estado de SP.

“A quantidade de gente armada hoje extrapola qualquer previsão do passado e isso terá consequências. Essas armas, não tenham dúvidas, serão usadas e, muitas das vezes, não por quem comprou. Esse é o drama”, disse. “Vamos ter um rescaldo desse armamentismo que não foi ainda avaliado. Mas elas virão. Essa é mais uma razão para fortalecer as polícias investigativas, precisamos ver o destino dessas armas e coibir a formação de quadrilhas…está começando a formar milícias no estado de São Paulo. Já tinha o PCC e agora teremos outro fenômeno no estado, porque estão vindo para cá”.

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