O presidente Lula acaba de passar outra semana no exterior, a sétima viagem no ano. Na Itália, visitou o papa Francisco e reuniu-se com o congênere Sergio Matarella e a primeira-ministra Georgia Meloni. Em seguida foi à França participar de uma reunião organizada por Emmanuel Macron para discutir uma nova ordem financeira mundial. O petista falou de guerra (e torcida pela paz) na Ucrânia, do acordo comercial (difícil de vingar) entre o Mercosul e a União Europeia, de desigualdades sociais, da “Guerra Fria” entre Estados Unidos e China e de meio ambiente. Em agosto, o Brasil receberá mandatários sul-americanos cujos países têm partes da Amazônia, em busca de uma posição comum a ser levada, em dezembro, à conferência anual da ONU sobre mudanças climáticas. A intenção é unir o grupo a Congo e Indonésia, detentores das outras maiores florestas tropicais, e assumir na COP-28 a bandeira da conservação florestal, em geral empunhada por algum país rico que devastou sua vegetação no passado. A COP-30, em 2025, será em Belém, cidade que abrigará a reunião de agosto.
“Lula só tem paciência com assuntos internacionais, não com o nosso dia a dia. Não ouve ninguém, resiste à ideia de ter uma rotina de reunião de coordenação política”, diz um deputado do PT que às vezes conversa com o presidente. Ao relançar o programa de compra de alimentos da agricultura familiar, em março, no Recife, o mandatário comentou: “É a primeira vez na vida que eu tô ficando cansado de ouvir os outros falarem”. Um lampejo dessa impaciência viu-se em 5 de junho. Era Dia Mundial do Meio Ambiente e o presidente participou de uma solenidade no Palácio do Planalto. Mais tarde, de forma burocrática, assinou uma Medida Provisória para rolar dívidas de 70 milhões de consumidores, o programa Desenrola, enquanto o governo anunciava incentivos para baratear o preço dos carros.
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