Política

Governo federal publicará em fevereiro regras para uso de câmeras corporais por polícias

Anúncio feito por Ricardo Cappelli responde, ainda que indiretamente, ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que desdenhou dos resultados do programa de segurança

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
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O secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, anunciou, nesta quarta-feira 3, novas diretrizes estabelecidas pelo governo federal para o uso de câmeras nos uniformes policiais.

As novas regras deverão ser publicadas já em fevereiro. As diretrizes visam padronizar as regras para o uso da tecnologia pelas polícias militares em todo o País. Atualmente, cabe a cada ente federativo decidir sobre o uso ou não dos dispositivos de filmagem.

Em dezembro, o Ministério lançou uma consulta pública, aberta até dia 26 de janeiro, para ouvir a população e especialistas sobre o tema. As novas regras também são resultados da iniciativa que ouviu populares e especialistas no tema.

A intenção do governo federal é expandir o uso dos dispositivos, mas não de maneira impositiva.

Na mensagem publicadas nas redes sociais, Cappelli reforça a necessidade de não “ideologizar” o discurso sobre Segurança Pública. O trecho faz referência indireta a declarações recentes do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), horas antes da postagem de Cappelli, questionou publicamente a eficácia dos equipamentos. O bolsonarista indicou que deve priorizar o aumento do efetivo policial, em detrimento do investimento em câmeras. A posição é duramente questionada por especialistas.

O uso desses equipamentos em uniformes policiais começou a ser adotado em São Paulo em 2020, por meio de um programa conhecido como Olho Vivo. Ao contrário do que diz o governador, estudos sobre o tema já mostraram que a ferramenta contribui para a diminuição da letalidade nas ações policiais.

Um levantamento organizado pela Fundação Getúlio Vargas, em 2022, apontou uma redução de 57% nas mortes decorrentes de ações policiais nas unidades que contavam com o recurso, em comparação aos demais. A análise mostrou que 104 mortes foram evitadas.

No primeiro ano no governo, Tarcísio já reduziu em 98 milhões de reais o orçamento para a Segurança Pública. O ex-ministro retirou 37 milhões do orçamento para o programa Olho Vivo em 2023. Ao mesmo tempo, as mortes causadas por policiais, sob sua gestão, aumentaram.

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