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Como o governo Biden agiu para impedir um golpe no Brasil em 2022, segundo o ‘Financial Times’

Ainda segundo o jornal britânico, o presidente americano esperava ‘mais reconhecimento’ de Lula e menos atrito do Brasil com os EUA

Lula e Joe Biden. Foto: Ricardo Stuckert
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Uma reportagem do jornal britânico Financial Times publicada nesta quarta-feira 21 detalha de que formas o governo Joe Biden teria agido para garantir que o processo eleitoral no Brasil fosse respeitado em 2022.

Sob o título A discreta campanha dos EUA para defender a eleição no Brasil, o texto afirma que os Estados Unidos recorreram à sua relevância na política internacional para desmentir alegações de Jair Bolsonaro (PL) sobre as urnas eletrônicas e pressionar líderes políticos e militares brasileiros a respeitar a democracia.

Em junho de 2022, Bolsonaro convocou uma reunião com embaixadores em Brasília a fim de colocar em dúvida a lisura da apuração do processo eleitoral.

À época, os EUA publicaram uma nota endossando a legitimidade do pleito brasileiro e afirmando que as urnas eletrônicas foram amplamente testadas, servindo de modelo para outras nações.

Nesta quinta-feira 22, Bolsonaro será julgado pelo Tribunal Superior Eleitoral justamente pela reunião com os diplomatas estrangeiros. A acusação é de que o ex-capitão teria abusado do poder político. Se for condenado, ele se tornará inelegível.

Segundo o Financial Times, a movimentação de bolsonaristas preocupou os EUA pela semelhança com as atitudes tomadas pelo ex-presidente Donald Trump nas eleições de 2020, culminando com a invasão ao Capitólio. O governo Biden atuou nos bastidores entre 2021 e 2022 para “transmitir a mensagem” em favor da democracia sem promover uma intervenção direta nas eleições e na política do Brasil.

O veículo afirma que houve uma campanha coordenada em vários setores do governo norte-americano, a envolver militares, a CIA, o Pentágono e até a Casa Branca. O texto também destaca que Biden, mesmo em viagem, foi o primeiro líder a se movimentar e entrar em contato com outras lideranças para reconhecer a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva em 30 de outubro.

O jornal menciona ainda que, segundo uma fonte não identificada, líderes militares americanos teriam ameaçado romper todos os acordos com o Brasil – de treinamentos a operações conjuntas – caso o resultado eleitoral fosse questionado. O relatório também cita seis autoridades dos EUA e Tom Shannon, ex-alto funcionário do Departamento de Estado americano, como principais fontes para as afirmações.

De acordo com Shannon, Biden teria relatado que as relações com o Brasil melhoraram desde a vitória de Lula, mas que haveria atritos com o novo governo. “Lula mostrou pouco reconhecimento da campanha [feita pelos EUA]. Sua visita a Whasington foi discreta e durou um dia. Em abril, ele levou uma grande delegação à China para três dias”, destaca.

Na viagem a Pequim, Lula firmou grandes acordos de parceria entre os países, mas também gerou polêmica ao criticar o apoio militar do Ocidente à Ucrânia. O presidente também incomodou o governo Biden ao endossar a iniciativa chinesa de criar alternativas ao comércio em dólar.

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