Política

Está na cara que eu devo ser candidato à reeleição, diz Bolsonaro

O ex-capitão insistiu na alegação de que ‘estamos há três anos sem corrupção’

Foto: Reprodução
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O presidente Jair Bolsonaro disse que “está na cara” que ele será candidato à reeleição, em outubro. Também tornou a fazer acusações sem provas ao PT e ao ex-presidente Lula, líder das pesquisas de intenção de voto.

“Tá na cara que eu devo ser candidato, né? Não quero tomar um processo aqui por falar em eleições. Eu me filiei a um partido agora. A tendência é a gente participar das eleições”, afirmou o ex-capitão durante entrevista coletiva no Rio de Janeiro.

Bolsonaro ainda declarou que “nós não podemos voltar a isso daí”, em referência aos governos petistas, e insistiu na alegação de que “estamos há três anos sem corrupção”.

A reta final da gestão é marcada pela entrega do coração do governo ao Centrão. A fim de evitar o avanço de um processo de impeachment, Bolsonaro se utilizou da oferta de cargos importantes e do apoio à distribuição das emendas do orçamento secreto a aliados.

Um dos símbolos do avanço do Centrão é a nomeação, oficializada em agosto de 2021, de Ciro Nogueira (PP-PI) como ministro-chefe da Casa Civil.

Em outubro, a Procuradoria-Geral da República reforçou o pedido para que o Supremo Tribunal Federal acolha uma denúncia contra Nogueira, acusado de receber 7,3 milhões de reais em vantagens indevidas da Odebrecht. Os procuradores atribuem ao senador os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O Ministério Público Federal diz ter reunido provas que revelam o recebimento de propina em parcelas, entre 2014 e 2015, em Brasília e em São Paulo. Duas entregas de dinheiro teriam sido feitas diretamente a Nogueira e outras 12 pessoas por meio do assessor Lourival Ferreira Nery Junior.

A denúncia contra Nogueira foi apresentada em fevereiro de 2020, quando ele ainda ocupava o cargo de senador.

Em 2021, suspeitas de corrupção no governo marcaram a CPI da Covid, no Senado. A revelação de irregularidades em um contrato para a compra da vacina indiana Covaxin foi um dos episódios mais relevantes dos trabalhos da comissão.

Bolsonaro se tornou alvo de uma investigação da Polícia Federal que apura se ele cometeu o crime de prevaricação no caso Covaxin. A PF abriu o inquérito em 12 de julho, com o objetivo de investigar se o presidente foi informado sobre indícios de fraude na negociação e se tomou medidas para apurar as denúncias. Nesta segunda-feira 31, a corporação disse ao STF não ter identificado a prática do crime.

Além disso, episódios como um suposto pedido de propina para concretizar a compra de 400 milhões de doses de vacina colocaram em xeque o Ministério da Saúde, repleto de militares.

A CPI recomendou à PGR o indiciamento de Bolsonaro por nove tipos penais. Na relação, há crimes comuns, previstos no Código Penal; crimes de responsabilidade, conforme a Lei de Impeachment; e crimes contra a humanidade, de acordo com o Estatuto de Roma, do Tribunal Penal Internacional.

Bolsonaro também é alvo de um inquérito que apura possível interferência política e ilegal na PF. A investigação teve início com uma acusação do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro. De saída do governo, Moro declarou, em abril do ano passado, que Bolsonaro estava operando mudanças na diretoria da PF para evitar que investigações atingissem seu círculo de alianças.

Filhos de Bolsonaro também estão na mira de investigações. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) é alvo de apurações sobre um esquema de “rachadinhas” na Assembleia Legislativa do Rio, enquanto o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) é suspeito de “empregar” funcionários fantasmas na Câmara Municipal do Rio.

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