Política

Em posse como ministra, Guajajara protesta contra mortes de indígenas: ‘Fascismo imperou no Brasil’

Chefe do Ministério dos Povos Originários, ela puxou um coro contra anistia de Bolsonaro

Sonia Guajajara e Lula. Foto: Sergio Lima/AFP
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A ministra dos Povos Originários, Sonia Guajajara (PSOL), tomou posse nesta quarta-feira 11 e anunciou a recriação do Conselho Nacional de Política Indigenista, órgão de caráter consultivo voltado para a participação dos povos indígenas no acompanhamento e no controle de ações do Estado.

O órgão havia sido criado em dezembro de 2015 e extinto quatro anos depois pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na solenidade, Guajajara criticou a invisibilização da participação indígena na política brasileira e se comprometeu a aumentar a representação desses povos. A ministra afirmou que essas comunidades vivem uma “crise humanitária”.

Arrisco dizer, sem exagero, que muitos povos indígenas vivem uma verdadeira crise humanitária em nosso País, e agora estou aqui para trabalharmos juntos, para acabar com a normalização deste estado inconstitucional que se agravou nestes últimos anos”, afirmou. “Além disso, não posso deixar de lembrar os parentes que foram retirados de nosso convívio pela bala do fascismo que imperou no Brasil nos últimos quatro anos.

A nova ministra destacou problemas estruturais que precisam ser priorizados. Entre eles, segundo ela, estão as intoxicações por mercúrio dos garimpos e pelos agrotóxicos nas lavouras do agronegócio.

Ela mencionou, ainda, a falta de proteção de territórios de povos indígenas isolados, o aumento do desmatamento e da grilagem de terras, a desnutrição infantil e de idosos, a falta de tratamento para a malária e altos índices de suicídio.

Guajajara acusou o governo Bolsonaro de ter agido com “negacionismo científico e criminoso” durante a pandemia.

“A invisibilidade secular que impacta e impactou diretamente as políticas públicas do Estado é fruto do racismo, da desigualdade e de uma democracia de baixa representatividade, que provocou uma intensa invisibilidade institucional, política e social, nos colocando na triste paisagem das sub-representações e subnotificações sociais do País”, declarou. “São séculos de violências e violações, e não é mais tolerável aceitar políticas públicas inadequadas aos corpos, às cosmologias e às compreensões indígenas sobre o uso da terra.”

O discurso também fez referências aos atos antidemocráticos realizados em Brasília por manifestantes de extrema-direita. A ministra ressaltou que Bolsonaro foi “democraticamente derrotado nas urnas pelo voto popular” e chamou os ataques de “covardes”, “violentos”, “chocantes” e “aterrorizantes”.

Além disso, ela puxou o coro contra a anistia de Bolsonaro e foi acompanhada pela plateia.

Guajajara tomou posse no cargo acompanhada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), e da nova ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada em 2018, Marielle Franco.

A criação do Ministério dos Povos Originários foi uma promessa de campanha do petista.

Indicada à pasta pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, a Apib, Guajajara é o único nome do PSOL a ocupar um cargo de primeiro escalão no novo governo.

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