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Economistas apresentam carta com ‘programa comum’ para a esquerda
Lista inclui revisão do teto de gastos e da autonomia do Banco Central, além de revogação das reformas trabalhista e previdenciária
Economistas divulgaram um manifesto nesta segunda-feira 21 em que estabelecem pontos para um “programa comum” de esquerda para as eleições deste ano.
No documento, os 86 signatários reivindicam como prioritária a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) neste ano, mas sob “um programa indispensável para a afirmação de um país justo e democrático”, sem promover o que chamam de “políticas econômicas que desmontem a própria base de apoio popular de um governo eleito em meio à forte polarização social”.
Os profissionais escrevem ainda que “mediações são parte necessária da vida e da política, defender e legitimar a ideologia dos adversários, não”. Segundo a carta, é preciso, em primeiro lugar, realizar uma “revisão completa do regramento de política fiscal” estabelecido nos últimos anos.
Eles elencam como principais itens:
- A revisão do teto de gastos;
- A revisão da autonomia do Banco Central;
- A revogação da reforma trabalhista;
- A revogação da reforma da Previdência;
- A manutenção da Eletrobras e dos Correios como empresas estatais;
- A adoção de uma estratégia para fazer a Petrobras “voltar às mãos dos brasileiros e liderar o processo de retomada da indústria”;
- A reversão de privatizações – mas os economistas não listaram quais;
- O estímulo à construção civil por meio da infraestrutura urbana verde e com articulação entre a produção nacional e a geração de empregos;
- O aumento das faixas de alíquotas do imposto de renda;
- A regulamentação do imposto sobre as grandes fortunas, sobre a propriedade e sobre os lucros e dividendos;
- A desoneração sobre o consumo;
- A criação de um imposto nacional “que contemple problemas das desigualdades regionais e a taxação da exportação de produtos primários e semimanufaturados”;
- A destinação de 2% do Produto Interno Bruto em transição energética, sustentabilidade e diversificação da produção industrial baseada em recursos naturais;
- A criação de um programa “robusto” de transferência de renda;
- E uma “reforma agrária verde”, com políticas de regularização de assentamentos, reservas extrativistas e outras áreas protegidas.
Segundo os economistas, “esse conjunto de medidas significa rever o tripé macroeconômico do fim dos anos 1990 e adequar nossa política econômica à agenda do crescimento, com a recuperação da capacidade de planejamento e de construção de políticas de longo prazo”.
O texto é apresentado em meio a uma disputa interna no PSOL sobre a postura a ser adotada nesta eleição: apoiar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou lançar um nome próprio, possivelmente o do deputado federal Glauber Braga (RJ).
O PSOL já apresentou suas principais bandeiras ao PT. Em entrevista a CartaCapital, no entanto, Glauber Braga disse que a direção majoritária do partido “erra feio” ao considerar apoiar Lula, diante das alianças que o ex-presidente tem buscado firmar. Um congresso neste ano ainda deve anunciar a posição final.
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