Justiça

Deputados querem o impeachment de Barroso por críticas ao bolsonarismo em congresso da UNE

Ao rebater vaias dos estudantes, ministro afirmou que “esse é o passado recente que estamos tentando se livrar”

Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal. Foto: Rosinei Coutinho/STF
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Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prometem entrar com um pedido de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, após o magistrado ter feito críticas ao bolsonarismo durante discurso no congresso da União Nacional dos Estudantes, nesta quarta-feira 12. 

Um grupo de estudantes protestava contra a presença do ministro, apontando Barroso como “inimigo da enfermagem e articulador do golpe de 2016”, se referindo ao voto do magistrado no processo que analisa o piso salarial da categoria e decisão proferida durante o julgamento do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). 

“Estar aqui é reencontrar o meu próprio passado de enfrentamento do autoritarismo, da intolerância e de gente que grita em vez de ouvir, de gente que xinga em vez de botar argumentos na mesa. Isso é o bolsonarismo! Quem tem argumentos, quem tem razão, quem tem a história do seu lado coloca argumentos na mesa. Não xinga, não grita. Esse é o passado recente no qual nós estamos tentando nos livrar”, afirmou Barroso. 

Pelas redes sociais, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) afirmou que a oposição entrará com o pedido de impedimento do ministro, justificado ter o magistrado exercido “atividade político-partidária”. 

“Se, por um milagre, houver justiça nesse país, a perda do cargo é inegável”, disse o deputado bolsonarista. 

A deputada Bia Kicis (PL) caracterizou a fala como “atuação contra uma força política”. 

“Gravíssimo! Nós, da oposição, entraremos com pedido de impeachment”, publicou. 

Em nota, o STF alega que a frase foi tirada de contexto pelos bolsonaristas:

“Como se extrai claramente do contexto da fala do Ministro Barroso, a frase ‘Nós derrotamos a ditadura e o bolsonarismo’ referia-se ao voto popular e não à atuação de qualquer instituição“, diz um trecho do comunicado.

Como funciona o impeachment de um ministro do Supremo

O pedido de impeachment de ministros do STF é analisado pelo Senado Federal. 

Entre as cinco hipóteses elencadas pela Lei do Impeachment que podem ser atribuídas aos magistrados da Corte está o exercício da atividade político-partidária. 

Após apresentado o pedido, cabe ao presidente do Senado o seguimento ou não do feito. A decisão é tomada após análise da denúncia por uma comissão de advogados do Senado. 

Caso o pedido avance, o ministro poderá ser afastado do cargo até o julgamento final da ação. 

Barroso não é o único alvo dos bolsonaristas. Somente o ministro Alexandre de Moraes é alvo de 60 pedidos de impedimento. 

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