Política

Deputados de 14 partidos não teriam vagas se minirreforma vigorasse em 2022, diz levantamento

Estudo da Consultoria Legislativa da Câmara solicitado pelo PSOL aponta impactos negativos das mudanças em tramitação no Congresso

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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Um levantamento da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados, realizado a pedido da bancada do PSOL, indicou que 36 deputados federais não teriam direito ao mandato caso a minirreforma eleitoral que tramita na Câmara já estivesse em vigor em 2022.

Segundo o documento, ao qual CartaCapital teve acesso, o impacto se daria pela aprovação de um trecho na minirreforma que altera o cálculo relacionado ao quociente eleitoral.

Catorze partidos teriam sido afetados pelo dispositivo. O PL teria perdido seis deputados, maior número entre as legendas, seguido do MDB, com cinco deputados afetados, diz a estimativa. Na sequência, PP e PSB teriam perdido quatro deputados.

O estado mais lesado seria o Amapá, com cinco deputados perdidos, sendo três do PL e dois do MDB.

O PSOL é contrário à minirreforma e teme que a nova regra limite o número de parlamentares eleitos pela legenda nas eleições municipais do ano que vem, especialmente nas cidades menores.

O argumento do PSOL é de que a minirreforma impõe uma nova “cláusula de barreira” e enfraquece o sistema proporcional das eleições legislativas.

Veja a tabela de perdas de mandato, segundo o estudo:

  • PSDB teria perdido 2 deputados: Leda Borges (GO) e Beto Richa (PR);
  • Novo, 1 deputado: Gilson Marques (SC);
  • MDB, 5 deputados: Acácio Favacho (AP), Dr. Pupio (AP), Rafael Prudente (DF), Lucio Mosquini (RO) e Thiago Flores (RO);
  • PDT, 2 deputados: Flavia Morais (GO) e Marcio Honaiser (PDT-MA);
  • PL, 6 deputados: Capitão Alberto Neto (AM), Vinicius Gurgel (AP), Sonize Barbosa (AP), Silvia Waiãpi (AP), Filipe Martins (TO) e Eli Borges (TO);
  • Podemos, 2 deputados: Raimundo Costa (BA) e Gilson Daniel (ES);
  • PP, 4 deputados: Dr. Luiz Ovando (MS), Thiago de Joaldo (SE), Vicentinho Júnior (TO) e Lázaro Botelho (TO);
  • Pros, 1 deputado: Weliton Prado (MG);
  • PSB, 4 deputados: Lídice da Mata (BA), Paulo Foletto (ES), Luciano Ducci (PR) e Heitor Schuch (RS);
  • PSC, 2 deputados: Glaustin Fokus (GO) e Gilberto Nascimento (SP);
  • PSD, 2 deputados: Dr. Ismael Alexandrino (GO) e Zé Haroldo Cathedral (RR);
  • PTB, 1 deputado: Bebeto (RJ);
  • Republicanos, 2 deputados: Amaro Neto (ES) e Messias Donato (ES);
  • Solidariedade, 2 deputados: Zé Silva (MG) e Marília Arraes (PE).

Em 2022, apenas 28 deputados venceram a eleição com seus próprios votos, entre os 513 parlamentares da Câmara, de acordo com do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar.

A legislação eleitoral impõe regras para que os partidos disputem as cadeiras que sobraram. Com as normas atuais, o partido precisa alcançar pelo menos 80% do quociente eleitoral para ter chances de disputar uma cadeira. Para um candidato do partido ocupar um posto, ele precisa ter 20% do mesmo quociente.

A minirreforma em tramitação impõe que os partidos alcancem 100% do quociente eleitoral, enquanto o candidato deve ultrapassar os 10% do mesmo quociente.

O PSOL pretende apresentar um destaque para retirar esse trecho da minirreforma, nesta quinta-feira 14.

O projeto da minirreforma tem como relator o deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA). Segundo um interlocutor do PT ouvido pela reportagem, a bancada petista deve liberar os seus parlamentares para ou seguir o que está no relatório de Pereira Júnior ou votar a favor do destaque do PSOL.

Os parlamentares atuam para que a minirreforma já estabeleça novas regras para as eleições de 2024. Conforme mostrou CartaCapital, o texto recebe críticas por ter sido debatido de forma “atropelada”.

Para que as novas normas entrem em vigor no ano que vem, é preciso que haja votação no Congresso, sanção presidencial e publicação no Diário Oficial da União até o dia 5 de outubro.

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