Política
Com candidatos ligados a Lula e Bolsonaro, MDB admite que Tebet não terá apoio exclusivo em palanques estaduais
Líderes do MDB do Nordeste são próximos ao petista, enquanto no Sul há apoiadores do presidente da República

Ao mesmo tempo em que trabalha para alavancar a candidatura da senadora Simone Tebet (MS), o MDB já admite que, em alguns estados, seus candidatos vão apoiar, ao mesmo tempo, outros presidenciáveis. Diante disso, a direção da sigla considera natural o surgimento de palanques duplos em algumas regiões do país.
Em Alagoas, Maranhão e no Ceará, o partido possui alianças históricas com o PT e pode integrar o palanque do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Já no Rio Grande do Sul, a legenda é controlada pelo deputado ruralista Alceu Moreira, aliado de Jair Bolsonaro (PL) — o partido ainda conta com outros nomes próximos ao Planalto, caso do senador Fernando Bezerra (PE), ex-líder do governo na Casa.
Na última pesquisa Datafolha, divulgada em dezembro, Tebet aparece com 1% de intenção de voto. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Presidente da legenda, o deputado Baleia Rossi (SP) tem negado que o partido vá retirar a candidatura mais à frente e que o intuito seja cacifar o partido nas negociações de alianças. O presidenciável do PSDB, João Doria, por exemplo, gostaria de ter a senadora como vice em sua chapa.
A pré-candidatura de Tebet enfrenta resistências no partido, assim como ocorreu quando ela disputou a presidência do Senado e perdeu para Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Na ocasião, ela não contou com o apoio da própria bancada.
Um líder do MDB no Nordeste, próximo a Lula, afirma que se a candidatura dela não for competitiva, “pode gerar desgaste” para postulantes a governos estaduais e ao Legislativo. O mesmo político ressalta ainda que não há martelo batido até a convenção partidária, em agosto.
A avaliação em parte da sigla é que os candidatos do MDB precisam estar diretamente associados a um nome forte na disputa pela Presidência para alavancar seus nomes nos estados.
Como ponto de partida para discussões programáticas, a senadora pretende usar o plano econômico do ex-presidente Michel Temer, “Ponte para o Futuro”, que teve uma versão lançada em 2015 e está sendo revisado. Entre as diretrizes do plano estão o fim de indexações para salários e benefícios, desburocratização, orçamento com base zero, ou seja, com todas as despesas sendo decididas anualmente pelo Congresso, e prioridade à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico. Algumas mudanças devem ser feitas para deixar o programa mais alinhado com as necessidades do pós-pandemia.
Mesmo após a notoriedade conquistada com a CPI da Covid, integrantes da campanha de Tebet reconhecem que a senadora ainda é uma “ilustre desconhecida” para grande parte do eleitorado. Para eles, isso mostra que a senadora tem espaço para crescer nas pesquisas quando conseguir nacionalizar seu nome.
A senadora planeja começar a viajar pelo país a partir de fevereiro. O tour deve incluir estados onde o MDB tem base sólida, como Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Alagoas, Pernambuco e Pará.
Com relação aos adversários, a campanha deve começar a mirar no ex-juiz Sergio Moro (Podemos), que apareceu com 9% no último Datafolha. O objetivo é reiterar que ele, Bolsonaro e Lula são personagens de uma mesma história que trouxe o Brasil até a atual crise.
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