Política

Com aval dos colegas, deputado sergipano transforma festa promovida por ele em ‘bem de interesse cultural’

O evento recebeu R$ 180 mil dos cofres públicos para contratação da cantora gospel Aline Barros. Procurado, o parlamentar não se manifestou

Este é o deputado estadual por Sergipe Dr. Samuel Carvalho, do Cidadania - Reprodução/Instagram
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No dia do seu aniversário, o deputado estadual Dr. Samuel Carvalho (Cidadania) ganhou um baita motivo para comemorar. Com o aval da Assembleia Legislativa, o parlamentar conseguiu aprovar um projeto de lei que torna um evento evangélico organizado por ele próprio como “Bem de Interesse Cultural” do estado de Sergipe.

A proposta foi aprovada por unanimidade durante a sessão desta quinta-feira 7. A festa em questão é batizada de “Família no Altar” e acontece em Nossa Senhora do Socorro (a pouco mais de 16 km de Aracaju), reduto eleitoral de Carvalho.

Com a aprovação, o evento passa a integrar o acervo estadual de Bens Culturais de Natureza Imaterial, gerido pela Fundação de Cultura e Arte (Funcap). No ano passado, aliás, a Câmara de Vereadores tornou a festa “patrimônio imaterial” do município.

Na justificativa do projeto, o parlamentar sustenta que o evento tem o objetivo de “levar a mensagem do evangelho de forma ampliada” e atua no fortalecimento da “economia, do turismo religioso na cidade e gera dezenas de empregos diretos e indiretos”.

Em sua quarta edição, o Família no Altar deste ano acontece no estacionamento de um shopping da cidade sergipana, nos dias 8 e 9 de março.

Entre suas atrações está a cantora gospel Aline Barros, cuja contratação saiu por 180 mil reais – o recurso, conforme registra um extrato de contrato publicado no Diário Oficial no início da semana, deve sair dos cofres da Funcap, órgão ligado ao governo estadual.

Aliado do governador Fábio Mitidieri (PSD), Samuel Carvalho é líder religioso na Assembleia de Deus e foi reeleito em 2022 com pouco mais de 15 mil votos.

No primeiro mandato, esteve no centro de denúncias sobre a suposta prática de rachadinhas em seu gabinete – à época, uma ex-assessora afirmou ter sido obrigada a devolver parte do salário à esposa do parlamentar, acusação negada por ele.

Procurado por CartaCapital, Carvalho não respondeu aos questionamentos sobre a possibilidade de existir conflito de interesse na proposta. O espaço segue aberto.

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