Justiça

Cármen Lúcia diz que que liberdade de expressão não pode ser confundida com instrumento para ‘desonra’

Ministra do Supremo Tribunal Federal está participando de evento em Portugal

Cármen Lúcia diz que que liberdade de expressão não pode ser confundida com instrumento para ‘desonra’
Cármen Lúcia diz que que liberdade de expressão não pode ser confundida com instrumento para ‘desonra’
Cármen Lúcia expôs o “engodo administrativo“ do governo - Imagem: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABR
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A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quinta-feira que a liberdade de expressão continua sendo uma das bases da democracia. Ponderou, contudo, que ela não deve ser confundida com instrumentos de “desonra e agressão”. A magistrada participou do “Fórum Independência com Integração”, realizado em Portugal, por ocasião dos 200 anos da independência do Brasil.

— A liberdade de expressão e a liberdade de pensamento são as bases da democracia moderna, mais do que nunca contemporânea, por causa das tecnologias que trazem novas formas de expressão e com as quais nós estamos aprendendo a lidar. (Mas) muitas vezes não é manifestação da liberdade, mas até instrumento de desonra do outro, de gravosas agressões a outro — afirmou, distinguindo uma coisa da outra.

A ministra já havia participado de outro evento do mesmo fórum, na tarde da véspera, logo após os atos de 7 de Setembro, realizados no Brasil, em que o presidente Jair Bolsonaro fez discursos em tom de campanha eleitoral aberta. Na cidade do Porto, Cármen Lúcia afirmou que apenas a democracia é capaz de garantir a liberdade plena.

— Em vários espaços do mundo, o germe e o vírus da autocracia e da tirania brotam de novo (…). Democracia é direito fundamental de todo mundo. Não há outro regime que permita a liberdade. A soberania é popular, e o poder é do povo (…). O Supremo muitas vezes diz não a alguém para dizer sim à democracia brasileira e a todos os democratas — disse a magistrada, como registrou a coluna do GLOBO Portugal Giro.

Ao fim da cerimônia oficial do desfile cívico-militar, Bolsonaro subiu em um trio elétrico para atacar adversários, pedir votos e, mais uma vez, criticar o que chama de “política do fique em casa e a economia vê depois”, em referência à determinação para que as pessoas não saíssem de casa durante a pandemia de Covid-19. No Porto, sem citar nomes, Cármen Lúcia disse que o resultado da pandemia no Brasil foi trágico “por ausência, por omissões” e fez questão de mencionar os milhões de brasileiros que passam fome atualmente.

— Um País que tem, tragicamente, como temos, 30 milhões de pessoas passando fome, em situação de subnutrição, é claro que está em estado de coisas inconstitucional. Somos todos nós, da sociedade, devedores de quem tem fome. A fome é uma indignidade com quem sente e sofre sua dor, é uma indignidade com quem participa de uma sociedade que sabe que isso acontece e não toma as rédeas da situação, não vive o protagonismo histórico para fazer com que a democracia também se efetive para esses, para todos — disse Cármen Lúcia.

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