Política

Braga Netto contrariou recomendação da Polícia e bancou indicação de Rivaldo Barbosa para chefia da corporação, diz TV

Barbosa assumiu a chefia da Polícia Civil apenas um dia antes do assassinato de Marielle; nomeação foi assinada pelo general Braga Netto, então interventor na Segurança do Estado

O ex-chefe de Polícia, delegado Rivaldo Barbosa. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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A nomeação do delegado Rivaldo Barbosa para a chefia da Polícia Civil do Rio de Janeiro em 2018 teria sido contraindicada pela inteligência da corporação, mas mantida e bancada pessoalmente pelo general Walter Braga Netto, interventor na Segurança Pública do estado naquele ano. As informações são da jornalista Ana Flor, da GloboNews.

Rivaldo Barbosa foi preso na manhã deste domingo 24 pela Polícia Federal. A suspeita é de que ele tenha atuado para impedir a resolução do assassinato da vereadora Marielle Franco e do seu motorista, Anderson Gomes.

Indícios colhidos por investigadores apontariam, conforme mostra decisão de Moraes que expediu o mandato de prisão, que Barbosa prometeu, ainda antes do crime, que Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, supostos mandantes do assassinato, ficariam impunes. Ele teria, segundo a PF, ‘planejado meticulosamente’ o crime. O policial mantinha uma relação de extrema proximidade com os irmãos Brazão, mostra o relatório da PF, tornado público neste domingo.

“Se verifica claramente que o crime foi idealizado pelos dois irmãos e meticulosamente planejado por RIVALDO. E aqui se justifica a qualificação de RIVALDO como autor do delito, uma vez que, apesar de não ter o idealizado, ele foi o responsável por ter o controle do domínio final do fato, ao ter total ingerência sobre as mazelas inerentes à marcha da execução, sobretudo, com a imposição de condições e exigências”, destaca Moraes, citando a PF.

Na GloboNews, a reportagem afirma que “a nomeação de Rivaldo Barbosa para a chefia da Polícia Civil, lá naquele momento [2018]…vamos lembrar: um dia antes da morte de Marielle Franco…essa nomeação foi contraindicada pela área de inteligência, mas ela foi bancada por Braga Netto“.

Não está claro, ainda, as motivações do setor de inteligência da corporação fazer a recomendação de barrar a indicação do delegado, que comandava o Departamento de Homicídios da Polícia Civil, antes de assumir o comando geral da corporação.

Segundo Juliana Dal Piva, do ICL Notícias, investigação da PF apontaria enriquecimento de Barbosa durante sua gestão no Departamento de Homicídios. Foram descobertos, segundo o site, cerca de 5 milhões de reais em contas ligadas ao delegado, incompatível com os salários de delegado e com as empresas que ele mantinha ao lado da esposa.

Também ainda falta elucidar o que levou Braga Netto a manter a nomeação mesmo diante das evidências levantadas. O general, importante frisar, ainda não comentou o caso.

Segundo informações antecipadas por Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF, em entrevista ao blog de Ana Flor, as circunstâncias da nomeação de Barbosa serão alvo de uma investigação específica da Polícia Federal. Chama atenção, por exemplo, que a nomeação tenha ocorrido no dia 13 de março de 2018, apenas um dia antes do assassinato. Mais detalhes foram prometidos para a coletiva de imprensa do ministro Ricardo Lewandowski, programada para a tarde deste domingo.

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