Política

Bolsonaro: ‘Querem trocar o presidente? É direito de vocês’

Visivelmente irritado, o ex-capitão proferiu longo discurso em evento oficial, insistiu em ‘contar votos’ e repetiu mentiras sobre a esquerda

O intérprete de libras Fabiano Guimarães ao lado de Jair Bolsonaro em evento oficial. Foto: Reprodução
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Jair Bolsonaro (PL) voltou a tratar das eleições durante um evento oficial em Brasília nesta sexta-feira 25. Visivelmente irritado, o ex-capitão afirmou que se o povo quiser trocar o presidente, tem todo o direito. Ele voltou a repetir mentiras sobre a esquerda e a tratar, vagamente, de uma ‘contagem de votos’ no processo eleitoral deste ano. A cerimônia ocorreu horas após nova pesquisa Ipespe apontar sua derrota para Lula (PT).

“Tem eleições pela frente agora. Querem trocar o presidente? É direito de vocês”, disparou Bolsonaro após insistir em falsas alegações sobre um suposto cerceamento da liberdade caso a esquerda retorne ao poder.

“Agora, tem que tomar cuidado com a propaganda fácil. Vamos fazer nossa parte [lançar sua candidatura no domingo] e o povo que decida”, completou em tom de alerta.

Ainda irritado, Bolsonaro passou a tratar superficialmente de uma ‘contagem de votos’ que precisará ser promovida neste ano sob o risco de as eleições não serem disputadas.

“Eu complemento: o voto tem que ser contado. Não podemos disputar uma eleição com a mínima suspeição de que algo esteja errado”, disse. “Só podemos disputar as eleições dessa maneira. Não podemos aceitar”, acrescentou antes de interromper o raciocínio para falar de seu ‘perfil ditatorial’.

“Olha quem fala, né? Muitos me acusavam de ser ditador, querer dar golpe, mas a gente está fazendo exatamente o contrário”, ironizou para, na sequência, prometer ‘ajudar o TSE’ e os seus ‘queridos ministros’ Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin.

Em duas ocasiões durante o discurso, Bolsonaro atacou a esquerda usando notícias falsas. Segundo ele, caso a esquerda volte ao poder, os brasileiros passarão a comer cães e gatos, como ocorreria na Venezuela. Não há comprovação, no entanto, de que isso aconteça no país vizinho. Em outro momento, afirmou que o fato já teria inclusive ocorrido no Brasil, na gestão do prefeito Edinho Silva (PT) em Araraquara (SP). Trata-se de uma fake news.

“O que está em jogo nessa eleição não é só se nós vamos comer cães ou gatos, isso é uma consequência natural, é saber se vamos viver em liberdade ou não. Só se dá valor à água do poço quando se perde, e a liberdade é a mesma coisa. Para recuperá-la, desculpe a palavra, mas vai ser foda”, disse Bolsonaro antes de finalizar o longo discurso sobre o processo eleitoral.

Ainda em sua participação, o ex-capitão criticou o que chamou de censura às redes sociais. A afirmação foi uma referência ao bloqueio do aplicativo Telegram promovido por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, na semana passada. O app voltou ao ar após se comprometer com o combate à divulgação de notícias falsas.

“Vocês conheceram também ditaduras de outras formas, como a censura em redes sociais. Quem são os censores? Escolhidos por qual critério? Estão a serviço de quem? Querem prejudicar a quem? Imagina se tivesse um cara do PT no meu lugar, vocês não estariam aqui. Talvez não tivessem mais cães e gatos no Brasil, a exemplo da Venezuela.”

O presidente lamentou ainda que existam pessoas que querem ‘a volta do PT’ ao poder. Em dado momento, atribuiu o sucesso do partido, evidenciado pelas pesquisas eleitorais, ao baixo preço dos combustíveis praticado nos governos petistas. “Tem gente que acha que se outra pessoa estivesse aqui a gasolina estaria 3 reais. No mundo todo passou de 10 reais, mas aqui estaria 3 reais”, ironizou depois de dizer que conservadores terão de ‘fugir pelo mar em um toco de bananeira’ caso a esquerda seja eleita em outubro, uma vez que não há mais governos conservadores na América do Sul.

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