Política

Bolsonaro faz tudo o que dizia não concordar, acusa liderança dos caminhoneiros

José Roberto Stringasci, da ANTB, disse estimar que quase 70% da categoria esteja apoiando a paralisação no dia 1º de novembro

Caminhoneiros criticam aumentos dos preços dos combustíveis. Foto: Agência Brasil
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O líder da Associação Nacional de Transporte do Brasil, José Roberto Stringasci, estimou que quase 70% da categoria dos caminhoneiros apoie a paralisação de 1º de novembro. Em entrevista a CartaCapital, nesta sexta-feira 29, Stringasci afirmou que a data está mantida e que espera uma mobilização expressiva.

 

“A gente acredita que sim”, disse, quando perguntado se crê que a greve será grande. “Pelo movimento, pela união que a categoria está tendo”.

De acordo com o caminhoneiro, a previsão é de realização de bloqueios de estradas em todo o País.

“O único lugar que o caminhoneiro pode se manifestar é na estrada, que é onde ele trabalha. Ele não tem como se manifestar em outro lugar”, declarou a liderança da ANTB.

Os caminhoneiros protestam contra a alta no preço dos combustíveis, que influenciam diretamente nos seus rendimentos. Nesta semana, a Petrobras anunciou um novo aumento nos valores, por consequência da alta do dólar e da variação do preço do petróleo no mercado internacional.

A gasolina já ultrapassa os 7 reais em diversos postos no Brasil. A média do preço do diesel, combustível mais usado por caminhoneiros, se aproxima dos 5 reais.

Stringasci avalia que o governo do presidente Jair Bolsonaro deveria, como medida imediata, fazer com que os preços internos sejam desvinculados das oscilações do exterior, porque essas movimentações instabilizam os valores dos combustíveis. O alinhamento dos preços ao mercado externo – chamado de Política de Paridade de Importação – foi adotado pelo governo de Michel Temer (MDB) e é criticado por diversos especialistas do ramo.

“Para resolver o problema principal da categoria hoje, e também do Brasil, é mudar a política de preço dos combustíveis”, diz a Stringasci. “Quem pode mudar isso? É o presidente da Petrobras e o presidente da República. Não é lei, é simplesmente uma norma interna.”

José Roberto Stringasci, da Associação Nacional de Transporte do Brasil. Foto: Reprodução

A liderança da ANTB também afirmou que a postura do presidente da República vai “contra o Brasil” e contraria as promessas de sua campanha eleitoral em 2018.

“Eu vejo a postura dele contra o Brasil e contra a própria categoria. Na campanha dele, ele falou que eram um absurdo esses preços. No entanto, ele está fazendo tudo que ele falou que não concordava. Mesmo sabendo que está nas mãos dele essa decisão, ele não faz. Então, no dia 1º agora, eu espero que a população venha nos apoiar, porque isso é uma questão do Brasil”, afirmou.

Na quinta-feira 28, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), declarou em coletiva de imprensa que fará uma reunião com a diretoria da Petrobras logo após o feriado de 2 de novembro, para tratar de “soluções imediatas” que baixem o preço dos combustíveis. Entre as possíveis medidas, Pacheco citou “ajuste” na política de preços.

Para aliviar os valores, o Conselho Nacional de Política Fazendária, o Confaz, formado pelo governo federal e por representantes dos estados, aprovou nesta sexta-feira 29 o congelamento do ICMS por 90 dias.

Essas ações, no entanto, ainda não frearam declarações públicas de lideranças dos caminhoneiros. Em entrevista a CartaCapital, outro ator importante do movimento, Wallace Landim, da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores, disse que, depois do congelamento do ICMS, “Bolsonaro precisa fazer a parte dele”.

“O presidente não queria que os governadores fizessem a parte deles? Fizeram. Agora, ele vai ter que fazer a parte dele que é do governo federal”, declarou.

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