Política

Bolsonaro elogia ministros, como Ciro Nogueira, e diz que a corrupção ‘deixou de existir’

A reta final do governo é marcada pela entrega do coração do governo ao Centrão; Bolsonaro se utilizou da oferta de cargos e do apoio à distribuição das emendas do orçamento secreto

Foto: Reprodução/TV Brasil
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O presidente Jair Bolsonaro voltou a alegar, nesta quarta-feira 2, que não há qualquer indício de corrupção ligada ao governo federal. Ele concedeu entrevista ao programa Voz do Brasil, transmitido pela TV Brasil.

“Três anos sem nenhuma denúncia de corrupção. Até costumo dizer: se aparecer, a gente vai ajudar a colaborar nas investigações. Mas, até o momento, dado o critério de escolha de ministros, secretários e servidores que trabalham conosco, isso deixou de existir”, afirmou o ex-capitão.

A reta final do governo é marcada pela entrega do coração do governo ao Centrão. A fim de evitar o avanço de um processo de impeachment, Bolsonaro se utilizou da oferta de cargos importantes e do apoio à distribuição das emendas do orçamento secreto a aliados.

Um dos símbolos do avanço do Centrão é a nomeação, oficializada em agosto de 2021, de Ciro Nogueira (PP-PI) como ministro-chefe da Casa Civil.

Em outubro, a Procuradoria-Geral da República reforçou o pedido para que o Supremo Tribunal Federal acolha uma denúncia contra Nogueira, acusado de receber 7,3 milhões de reais em vantagens indevidas da Odebrecht. Os procuradores atribuem ao senador os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O Ministério Público Federal diz ter reunido provas que revelam o recebimento de propina em parcelas, entre 2014 e 2015, em Brasília e em São Paulo. Duas entregas de dinheiro teriam sido feitas diretamente a Nogueira e outras 12 pessoas por meio do assessor Lourival Ferreira Nery Junior.

A denúncia contra Nogueira foi apresentada em fevereiro de 2020, quando ele ainda ocupava o cargo de senador.

Em 2021, suspeitas de corrupção no governo marcaram a CPI da Covid, no Senado. A revelação de irregularidades em um contrato para a compra da vacina indiana Covaxin foi um dos episódios mais relevantes dos trabalhos da comissão.

Bolsonaro se tornou alvo de uma investigação da Polícia Federal que apura se ele cometeu o crime de prevaricação no caso Covaxin. A PF abriu o inquérito em 12 de julho, com o objetivo de investigar se o presidente foi informado sobre indícios de fraude na negociação e se tomou medidas para apurar as denúncias. Na última segunda-feira 31, a corporação disse ao STF não ter identificado a prática do crime.

Além disso, episódios como um suposto pedido de propina para concretizar a compra de 400 milhões de doses de vacina colocaram em xeque o Ministério da Saúde, repleto de militares.

A CPI recomendou à PGR o indiciamento de Bolsonaro por nove tipos penais. Na relação, há crimes comuns, previstos no Código Penal; crimes de responsabilidade, conforme a Lei de Impeachment; e crimes contra a humanidade, de acordo com o Estatuto de Roma, do Tribunal Penal Internacional.

Bolsonaro também é alvo de um inquérito que apura possível interferência política e ilegal na PF. A investigação teve início com uma acusação do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro. De saída do governo, o ex-juiz declarou, em abril do ano passado, que Bolsonaro estava operando mudanças na diretoria da PF para evitar que investigações atingissem seu círculo de alianças.

Filhos de Bolsonaro também estão na mira de investigações. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) é alvo de apurações sobre um esquema de “rachadinhas” na Assembleia Legislativa do Rio, enquanto o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) é suspeito de “empregar” funcionários fantasmas na Câmara Municipal do Rio.

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