Política

Bolsonaro e ex-chefe da Receita conversaram sobre liberação de joias, diz jornal

Segundo a Folha de S.Paulo, não está certo ainda de quem teria partido a ligação, mas o fato confirmaria a atuação pessoal do ex-presidente no caso

Fotos: Evaristo Sá/AFP e Divulgação/Ministério da Economia
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-chefe da Receita Federal Júlio Cesar Vieira Gomes conversaram por telefone, em dezembro de 2022, sobre a liberação das joias dadas pela Arábia Saudita apreendidas no aeroporto de Guarulhos. A informação é do jornal Folha de S. Paulo desta quinta-feira 9.

De acordo com a reportagem, ainda não está certo de quem partiu a ligação. A existência do diálogo, no entanto, confirmaria a atuação pessoal de Bolsonaro na liberação dos itens que somam mais de 16,5 milhões de reais. A suspeita é de que o ex-capitão pretendia incorporar as joias no seu acervo pessoal, como, ao que tudo indica, fez com um outro pacote avaliado em 400 mil reais.

Uma das versões colhidas pelo jornal com interlocutores dos envolvidos diz que a ligação partiu do então secretário da Receita Federal, que teria procurado Bolsonaro para informar sobre a existência das joias apreendidas na alfândega de Guarulhos. Após saber do caso, o ex-capitão teria destacado seu ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, para atuar diretamente na liberação dos itens.

A outra versão, diz o jornal, é de que a ligação teria partido de Bolsonaro após ser informado por Mauro Cid que as joias haviam sido apreendidas. O ajudante de ordens teria antes conversado com Vieira Gomes, também por telefone, sobre o assunto.

A existência da ligação contraria a primeira manifestação de Bolsonaro sobre o caso. Nos Estados Unidos, o ex-presidente afirmou que nunca soube da existência das joias apreendidas no Brasil, o que afastaria sua responsabilidade nas tentativas de trazer ilegalmente os itens da Arábia Saudita para o País.

Após a manifestação, vídeos de segurança revelados mostram aliados de Bolsonaro, incluindo o ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, indicando que os itens seriam do ex-capitão e de sua esposa, Michelle. É possível ver ainda nas imagens a pressão exercida pelos funcionários do ex-capitão contra os servidores da Receita pela liberação das joias.

O caso é apurado em diferentes instâncias, incluindo a Polícia Federal e o Tribunal de Contas da União. Nesta quarta-feira 8, Bento Albuquerque foi convocado a depor na PF. É possível que, se confirmadas as suspeitas, Bolsonaro tenha que responder pelos crimes de peculato ou descaminho, conforme indicou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. No Congresso, deputados protocolaram um pedido de CPI para investigar o caso.

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