Política

Bolsonaro recebeu pacote de joias e o mantém em seu ‘acervo privado’, diz ajudante de ordens

Documento demonstra que funcionário entregou ao então presidente o estojo saudita em novembro de 2022

Bolsonaro e Michelle, que luta - sem sucesso - para reverter a rejeição do ex-capitão entre as mulheres. Foto: Alan Santos/PR
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O tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), disse nesta terça-feira 7 que o ex-presidente mantém em seu “acervo privado” um estojo de joias trazido ao Brasil por uma comitiva chefiada pelo ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque. A declaração foi concedida ao jornal O Estado de S. Paulo.

Em outubro de 2021, a Receita Federal interceptou no Aeroporto de Guarulhos uma caixa de joias avaliadas em 16,5 milhões de reais. Elas teriam sido enviadas como um presente do governo da Arábia Saudita e foram apreendidas na mochila de um assessor de Albuquerque.

Na alfândega do aeroporto, um agente decidiu reter as joias, uma vez que no Brasil é necessário declarar à Receita a entrada de qualquer bem cujo valor supere mil dólares.

Um segundo conjunto trazido pela comitiva, porém, não foi notado pelo Fisco e continha um relógio com pulseira em couro, um par de abotoaduras, uma caneta rosa gold, anel e um masbaha (espécie de rosário) rose gold, todos da marca suíça de luxo Chopard.

Estadão mostrou nesta terça que Bolsonaro recebeu pessoalmente, em novembro de 2022, esse segundo pacote enviado pelo governo saudita. O veículo obteve um recibo a indicar que o funcionário Rodrigo Carlos dos Santos entregou as joias ao ex-capitão às 15h20 de 29 de novembro do ano passado. Um dos itens do documento questiona se foi visualizado pelo presidente. A resposta é “sim”.

Ainda que se trate de um presente de um Estado para outro, o conjunto deveria ter sido declarado e encaminhado ao acervo da Presidência da República.

O documento revelado nesta terça coloca em xeque uma alegação de Bolsonaro sobre o episódio. “Estou sendo crucificado no Brasil por um presente que não pedi e nem recebi. Vi em alguns jornais de forma maldosa dizendo que eu tentei trazer joias ilegais para o Brasil. Não existe isso”, disse o ex-capitão, nos Estados Unidos, no último final de semana.

Na última segunda 6, a Receita Federal decidiu investigar a entrada no País do segundo pacote de joias. De acordo com o órgão, “o fato pode configurar em tese violação da legislação aduaneira também pelo outro viajante, por falta de declaração e recolhimento dos tributos”.

Também na segunda, a Polícia Federal abriu um inquérito para apurar o caso do pacote de 16,5 milhões. A investigação tramitará em São Paulo, sob responsabilidade da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários.

O advogado Frederick Wassef, que representa Bolsonaro, declarou que o ex-presidente está “agindo dentro da lei e declarou oficialmente os bens de caráter personalíssimo recebidos em viagens, não existindo qualquer irregularidade em suas condutas”.

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