Política

Bolsonaro defende Silveira e ataca ministros do STF: Bote a toga e não encha o saco

Assim como fez no cercadinho, Bolsonaro usou parte do discurso para celebrar o golpe militar de 1964, que completa 58 anos nesta quinta-feira

Foto: Reprodução
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) saiu, nesta quinta-feira 31, em defesa do deputado Daniel Silveira (União Brasil-RJ), que terá que usar tornozeleira eletrônica após descumprir decisão do Supremo Tribunal Federal.

Em evento de posse dos novos ministros do governo, que assumem o lugar daqueles que irão disputar as eleições de outubro, o ex-capitão atacou membros do STF em diversas ocasiões e cobrou uma defesa pública de todos os aliados em favor do parlamentar.

“Não podemos aceitar o que vem acontecendo passivamente. ‘Ah não é comigo, deixa pra lá’. ‘Ah ele pode ser preso a qualquer momento, mas não é comigo, deixa pra lá’. ‘Ele pode ter seus bens confiscados, seus salários retidos, mas não é comigo, deixa pra lá’. Vai chegar em você”, exclamou Bolsonaro.

Um pouco antes, o ex-capitão chamou os ministros do STF de inimigos do seu governo e usou parte do tempo para defender o golpe militar de 1964. Em meio aos muitos elogios aos militares, acenou novamente a Silveira, que estava presente na plateia. Mais cedo, o deputado foi visto por jornalistas circulando no Planalto e disse estar sem tornozeleira eletrônica. A previsão é que o dispositivo seja instalado às 15h por determinação do ministro Alexandre de Moraes.

“[Naquele tempo] todos aqui tinham o direito, deputado Daniel Silveira, de ir e vir, de sair do Brasil, de trabalhar e constituir família, de estudar, como muitos aqui estudaram”, destacou após celebrar o golpe.

Após os ataques aos integrantes da Suprema Corte, Bolsonaro também usou parte do tempo para criticar os inquéritos abertos no tribunal contra ele. Sem nomear diretamente a qual dos ministros ou a qual dos inquéritos estaria se referindo, o ex-capitão disparou: “Agora um ministro que não tem o que fazer, deve ser um desocupado, fica me processando. Alguém que nunca fez nada de útil para a sociedade, de repente, processa todo dia um deputado…ou melhor, um presidente…o deputado também…O que ele quer com isso? Com o que ele ajuda o Brasil?”, questionou. Vale destacar que os principais processos contra Bolsonaro estão sob a relatoria de Moraes.

No mesmo tom inflamado, em seguida, o presidente minimizou as acusações de prevaricação na compra da vacina Covaxin, acusando então a ministra Rosa Weber de fazer ‘um tsunami com uma gota d’água’ ao decidir pela manutenção do inquérito no caso.

“Muitas vezes, por uma gota d’água se faz tsunami contra o governo. A PF esses dias disse que nem eu, nem a Saúde temos algo a ver com a vacina que não foi comprada. Mas uma ministra diz: ‘não, não vou arquivar, isso é passível de detenção do presidente’. O que essas pessoas querem? O que ela tem na cabeça? Em que isso ajuda o Brasil?”, atacou Bolsonaro.

Ainda direcionando aos ministros após defender Silveira, Bolsonaro afirmou que os integrantes do STF ‘atrapalhariam o Brasil e só encheriam o saco’.

“O que falta para sermos uma grande nação? Falta que alguns poucos não atrapalhem. Se não tem ideias, calem a boca! Bota a sua toga e fique aí sem encher o saco dos outros. Como atrapalham o Brasil”, vociferou.

Guerra Mundial

Bolsonaro voltou ainda a defender sua posição de suposta neutralidade em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia. Segundo alegou, caso tivesse se posicionado condenando o governo do aliado Vladimir Putin, uma guerra mundial poderia ter sido desencadeada. Esta é a segunda vez que o ex-capitão insinua ter impedido o início de guerra.

“O que seria do Brasil se o presidente simplesmente resolvesse seguir conselhos fáceis e tomar uma posição na guerra a 10 mil quilômetros daqui? Talvez já teria se iniciado a guerra pela segurança alimentar, que tem um potencial para matar mais gente que todas as guerras do século passado sem gastar um cartucho de munição”, alegou Bolsonaro.

Em outro momento, o ex-capitão voltou a criticar seus conselheiros que o pedem posições públicas mais moderadas. A declaração ocorreu em meio aos ataques aos ministros e à defesa de Silveira.

“Pior do que uma decisão mal tomada é uma indecisão. Você não pode ter ao seu lado conselheiros que o tempo todo pedem calma, que pedem que você espere o momento oportuno. Calma é o cacete, porra!”, disse, subindo o tom.

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