Política
Bolsonaro critica candidatura de Moro: ‘Fazia política de forma camuflada’
Presidente também avaliou a tramitação da PEC dos Precatórios e considera que proposta vai ‘enfrentar dificuldades’ no Senado
O presidente Jair Bolsonaro criticou a provável candidatura de Sergio Moro à Presidência nesta segunda-feira 8. Em entrevista à rádio Jovem Pan, o ex-capitão acusou o ex-ministro da Justiça de ‘fazer política camuflada’ enquanto esteve na pasta.
“Você começa a entender um pouco mais as coisas, o que eu passei com o ministro. Ele sempre teve um propósito político, nada contra, mas fazia de forma camuflada. Ele tinha intenção de ir para o Supremo, no primeiro momento achei justo e depois passei a conhecê-lo um pouquinho melhor”, criticou Bolsonaro.
“Como é que pode uma pessoa abrir mão de 23 anos de magistratura para ser ministro?”, questionou Bolsonaro sobre a decisão do ex-juiz. “O propósito político dele e do Dallagnol começa a se revelar agora. Ser candidato é um direito dele, nós estamos aqui para o debate”, acrescentou.
Moro deve oficializar sua filiação ao Podemos no próximo dia 10 de novembro. Deltan Dallagnol, ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato, ainda não divulgou o caminho que pretende seguir, mas já foi exonerado do Ministério Público na última sexta-feira 5 e adotou um tom eleitoreiro. Ao que tudo indica, irá pleitear uma vaga como senador.
PEC dos Precatórios
Na entrevista, Bolsonaro tratou também da tramitação da PEC dos Precatórios. O ex-capitão negou que a proposta tenha intenção de ser um ‘calote’ nas dívidas do governo, mas avalia que o texto deve encontrar resistência no Senado.
“Parcelamento não é calote. Passou na Câmara no 1º turno e acho que passa no 2º, mas vamos ter problemas no Senado”, admitiu.
A PEC é sua principal aposta para viabilizar o Auxílio Brasil, programa que deve substituir o Bolsa Família, extinto no último mês e ainda sem substituto oficial.
A tramitação na Câmara, no entanto, não deve ocorrer tão facilmente como prevê o presidente, já que a ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber suspendeu as chamadas emendas de relator, dinheiro que vinha sendo usado pelo governo federal para garantir o apoio parlamentar ao texto. A liminar da ministra ainda será votada em plenário da Corte nesta terça 9.
A ministra também deu um prazo de 24 horas para que o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), explique as polêmicas na tramitação da proposta na Casa.
Sobre a decisão de Weber, Bolsonaro voltou a criticar a atuação do STF:
“A medida do Supremo tem um caráter mais político do que econômico. […] Há um excesso de interferência do Judiciário no Executivo. Isso não é, no meu entender, o papel do Supremo. Quem quer ser presidente da República, quem quer decidir, que se candidate”, afirmou em tom de ataque à ministra.
O presidente disse ainda não considerar que seu governo errou na condução da pandemia e minimizou a alta da inflação e do preço dos combustíveis no Brasil alegando ‘não ter como fazer milagre’ para conter os avanços. Novamente, pregou em favor de ‘fatiar’ a Petrobras, principal empresa estatal brasileira.
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